Análise da ocorrência da rotura prematura de membranas ovulares em uma coorte de mulheres com lúpus eritematoso sistêmico, acompanhadas no Hospital Universitário Pedro Ernesto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Flávia Cunha dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19090
Resumo: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune inflamatória crônica que pode afetar vários órgãos e sistemas. Ocorre predominantemente em mulheres e surge mais frequentemente durante a menacme entre a segunda e terceira décadas de vida, período que coincide com o habitual de gestação na população geral, sendo, portanto, não incomum a concepção em mulheres com LES. Existe uma maior frequência de desfechos adversos nas gestações de mulheres com LES e essas complicações são ainda mais comuns quando a concepção acontece em períodos de atividade da doença com aumento do risco de abortamentos espontâneos, óbito fetal intrauterino, pré-eclâmpsia, crescimento intrauterino restrito (CIUR), prematuridade e rotura prematura de membranas ovulares (RPMO). O objetivo do presente estudo foi analisar a ocorrência da rotura prematura das membranas ovulares (RPMO) em 209 gestações de 190 mulheres com LES acompanhadas no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), no período de 2011 a 2018. Trata-se de estudo de coorte com coleta retrospectiva e prospectiva de dados, com inclusão de pacientes com 4 ou mais critérios de classificação de LES (critérios do Colégio Americano de Reumatologia). Foram excluídas as perdas gestacionais precoces e tardias, os casos de malformações fetais e as gestações múltiplas. Todas as pacientes incluídas assinaram termo de consentimento livre e esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUPE. Foram analisadas as características clínicas e laboratoriais maternas, uso de medicações, intercorrências clínicas durante a gestação e desfechos obstétricos. A análise estatística incluiu teste t de Student, Mann-Whitney, chi quadrado (χ2) e o teste exato de Fisher. A determinação quanto a distribuição normal dos dados foi analisada com o teste de Shapiro-Wilk. A associação das variáveis demográficas, manifestações clínicas do LES, atividade da doença, índice de danos, medicações utilizadas e comorbidades associadas com a RPMO, foi avaliada com regressão logística com nível de significância de 0,05. A idade das pacientes no momento do parto variou entre 15 e 47 anos com média de 28.3 ± 6,1 anos e apenas 18,7% foram planejadas. A ocorrência de RPMO foi de 28,7%, tendo infecção (RR=3,22), serosite (RR=2,38) e AC anti RNP (RR=2,99) como fatores de risco associados. O uso da azatioprina (66,7% versus 41%, p=0,02) e da prednisona (81,5 versus 53,7%, p=0,02) no final da gestação foi associado à RPMO pré-termo (RPPMO). A RPPMO ocorreu em 12,9% no total de gestações avaliadas e em 45% dos casos de RPMO, sendo responsável por 37% dos partos prematuros. A rotura prematura de membranas ovulares (RPMO) ocorreu mais frequentemente que a relatada na literatura nas gestantes com LES, tanto a termo como pré-termo. Infecções durante o período gestacional foram fatores de risco para RPMO. Pacientes com LES são potencialmente mais predispostas à intercorrências clínicas e o uso de medicações imunossupressoras durante a gravidez pode deixá-las mais suscetíveis a RPMO quando não tem o parto antecipado por intercorrências maternas ou fetais.