Marcas dêiticas como projeto de autoria em cartas pessoais de Graciliano Ramos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Araújo, Everaldo Lima de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19974
Resumo: A tradição dos estudos da área das Letras, no contexto brasileiro, tem privilegiado dois lados distintos: de um lado, encontram-se as reflexões ligadas à linguagem, aos estudos linguísticos; do outro, têm-se as discussões acerca da literatura, em suas mais variadas manifestações. A cultura de estudos dessa área se estabeleceu por essa polarização, como se elas fossem não intercambiáveis, tomadas mesmo, por vezes, como excludentes. O que é da natureza de uma subárea (estudos linguísticos, por exemplo) comumente não se configura na outra (estudos literários). Na verdade, ambas têm muito a enriquecer quando submetidas aos aportes interdisciplinares de natureza teórica e metodológica dos dois campos. Entende-se, desse modo, que o estudo de texto(s) literário(s), sob a lupa de uma abordagem linguística, pode fomentar significativamente tanto os estudos linguísticos quanto os literários. Nesta pesquisa, traz-se para discussão linguística um objeto que comunga do universo literário: cartas pessoais do escritor brasileiro Graciliano Ramos. Defende-se que a aproximação desses dois universos (linguístico e literário) pode revelar ganhos significativos e mútuos, graças aos olhares empreendidos na investigação. Por isso, objetiva-se investigar marcas de autoria a partir da utilização de dêiticos em cartas pessoais de Graciliano Ramos. Parte-se da hipótese de que as marcas de autoria nos escritos epistolares desse autor se realizam, também, a partir da diversidade tipológica e funcional do fenômeno dêitico, em consonância com propósitos bem definidos e o projeto comunicativo proposto. O corpus da pesquisa se constitui excertos extraídos de 55 cartas. Destaca-se, ainda, que, desses textos epistolares, utilizou-se apenas de excertos que tratam da produção literária do autor, bem como de seus processos de escrita literária, como forma de dar unidade à constituição do corpus. A pesquisa se situa nos estudos que tomam o texto como base epistemológica, no âmbito da Linguística Textual, sob o viés sociocognitivista. A abordagem metodológica do estudo é de base qualitativa e, levando em conta o objeto de investigação – cartas pessoais –, assenta-se no delineamento de pesquisa descritiva e interpretativista. O arcabouço teórico-metodológico acerca da dêixis toma estudos de Bühler (1982 [1934]), Fillmore (1971), Lahud (1979), Fonseca (1989, 1996), Apothéloz (2003 [1995]), Cavalcante (2000, 2011), Ciulla (2002, 2008), Cavalcante, Custódio Filho e Brito (2014), Ciulla e Martins (2017) e Martins (2019). Quanto às questões ligadas à autoria, pauta-se, inicialmente, em trabalhos de Possenti (2009a [2001], 2009b [2002]). As análises se efetivaram em duas frentes: i) investigação das funcionalidades dos oito tipos de dêixis no corpus em estudo e suas associações a marcas de autoria; ii) observância quanto à recorrência de elementos linguísticos/gramaticais com funcionalidades dêiticas, atentando para seus comportamentos nos projetos comunicativos e sua contribuição para a instauração de indícios de autoria. A pesquisa mostrou que o projeto de dizer do autor se constitui de uma operacionalização variada e singular quanto aos usos do fenômeno dêitico, caracterizando estilos individualizados de GR, de modo a permitir a associação dessas realizações a indícios de autoria, corroborando um projeto comunicativo balizado por uma discursividade. Entende-se, assim, que o agenciamento das dêixis pelo autor demonstra uma consciência linguística e discursiva, atentando-se às intenções e ao projeto de dizer proposto