Violência por parceiro íntimo e infecções sexualmente transmissíveis em parturientes da região metropolitana do Rio de Janeiro
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8553 |
Resumo: | Vários autores apontam a violência praticada por parceiro íntimo (VPI) na gravidez como associada a maior risco de IST e aumento desta violência na gestação, mesmo se considerar o alto índice de subnotificação deste agravo de notificação compulsória pelo setor da saúde. O objetivo desta pesquisa foi estudar a relação entre violência por parceiro íntimo e a ocorrência de três infecções sexualmente transmissíveis (HIV, HTLV e sífilis) na gestação, em parturientes internadas em dois hospitais da região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, Hospital Universitário Pedro Ernesto, referência para gestantes de alto risco e Hospital Estadual da Mãe, para gestantes de baixo risco. Foi realizado estudo de corte transversal por meio de entrevistas estruturadas e coleta de sangue para diagnóstico de HIV, sífilis e HTLV das parturientes internadas nos hospitais mencionados. As entrevistas realizadas com as parturientes obedeceram a roteiro estruturado que continha dados pessoais, sociofamiliares, comportamentais, de saúde sexual e reprodutiva, e questionário da OMS validado para investigação da ocorrência de VPI de três tipos: psicológica, física e sexual. As variáveis coletadas foram utilizadas nas análises comparativas para identificar as razões de prevalência. As associações entre as infecções pelo HIV, sífilis, HTLV e possíveis fatores de risco foram testadas estatisticamente. A magnitude das associações foi avaliada através do cálculo de medidas de associações (razão de chances) e respectivos IC de 95%. Modelos de regressão múltipla foram utilizados para controlar o efeito de variáveis sociodemográficas sobre as IST. Foram entrevistadas 1204 parturientes, com idade média de 24,8±6,5 anos. A prevalência das IST estudadas foi de 6,9% e a de violência, seja psicológica, física ou sexual, alcançou 42,4%. Houve associação entre ocorrência de IST e número de consultas pré-natais (p=0,02). Ter menos de 7 consultas quase dobra a chance de ter uma IST (OR=1,92). Entre as vítimas mais frequentes de violência, estiveram as mulheres de raça não branca, acima de 19 anos, sem o ensino médio, renda abaixo de 3 salários mínimos, com iniciação sexual abaixo dos 15 anos. Embora a violência tenha se apresentado menor na gestação, mesmo com a aparente substituição da violência física pela verbal, ainda é grande a sua prática, banalização e falta de percepção, principalmente no tocante à violência psicológica, menos valorizada ou mesmo menos observada pela comunidade. Ao analisarmos a relação entre violência, antes e ou durante a gravidez, e as IST pesquisadas, não encontramos significância estatística (p=0,07), embora transpareça haver tendência nesta direção. Contudo, se considerar a violência, apenas anterior à gravidez e a presença de qualquer das IST estudadas, esta relação foi estatisticamente significativa (p=0,02). A análise multivariada em relação à VPI antes ou durante a gestação mostrou que quanto maior o número de consultas pré-natais, menor o risco de apresentar qualquer uma das IST (OR=0,90, p=0,01). Concluiu-se que a alta prevalência de IST e violência na gestação foi confirmada, assim como a associação entre VPI x número de consultas pré-natais e IST. A não confirmação estatística da associação entre VPI na gestação e IST sugere a possibilidade da condição de estar gestante ser um fator protetor à VPI. |