Noventa por cento de ferro nas calçadas: mineração e (sub)desenvolvimentos em municípios minerados pela Vale S.A.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Coelho, Tádzio Peters
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Ciências Sociais
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17722
Resumo: Nesta tese investigo a relação entre a mineração e o desenvolvimento socioeconômico, ou a falta dele, em municípios minerados pela principal empresa brasileira do setor, a Vale S.A. Examino os impactos socioambientais e econômicos que a mineração causa em municípios onde a extração mineral é realizada. Importa entender a dinâmica da própria atividade econômica mineradora enquanto organização social. Procuro realizar uma reflexão sobre os efeitos sociais e econômicos da atividade mineral-exportadora nas populações locais de regiões mineradas. A forma escolhida para melhor compreender a relação entre mineração e desenvolvimento foi a de um estudo comparativo entre municípios minerados de diferentes países. Escolhi três municípios, a saber: Parauapebas (Brasil); Sudbury (Canadá); Moatize (Moçambique). A empresa mineradora brasileira Vale S.A. mantêm atividades de prospecção nestes três municípios. Quero entender de que maneira as transformações no sistema econômico mundial, com a reorganização do capitalismo brasileiro e seu suposto reposicionamento, afetaram a situação das regiões extrativistas e criaram novas situações. Tento também analisar o tipo de impacto que a mineração causa em municípios minerados em diferentes contextos e quais são as causas para as diferentes configurações destes impactos. Busco ainda saber se existe um modus operandi da empresa Vale S.A., um padrão de atuação da empresa em distintos contextos locais de extração mineral. A hipótese central desta pesquisa é de que, em condições definidas única ou preeminente pelo mercado, a mineração ocasiona ou fomenta as condições socioeconômicas típicas do subdesenvolvimento. A hegemonia de mercado na determinação do modelo de mineração a ser exercido gera impactos sociais, econômicos e ambientais negativos mais amplos. A especialização produtiva local na mineração gerada pelo livre mercado reproduz, ainda, a dependência - da população, do restante da estrutura produtiva das regiões mineradas e do aparato estatal - das divisas da atividade mineradora. Esta reprodução dependente limita e condiciona as possiblidades econômicas das regiões mineradas. A influência de sindicatos dos trabalhadores, movimentos sociais, organizações da sociedade civil e da população local, assim como a capacidade de fiscalização e monitoramento do aparato estatal, e a diversificação econômica, são as variáveis que podem atenuar e diminuir a amplitude e profundidade dos impactos causados pela atividade mineradora. Outra hipótese deste estudo é de que o capitalismo brasileiro expandiu-se nos últimos quatorze anos de maneira frágil e subordinada. Ainda que capitais nacionais tenham adentrado países tradicionalmente ricos, esta expansão foi feita de maneira geral em setores de exploração de recursos naturais, de forma subordinada e excludente das populações que foram encontradas pelo caminho, principalmente em países mais pobres.