On the two sides of the English channel: a comparison of Malory’s Morte d’Arthur to its French sources from a feminist perspective
Ano de defesa: | 2022 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | eng |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18264 |
Resumo: | Escrito no século 15 por Sir Thomas Malory, Morte d’Arthur é tradicionalmente interpretado por acadêmicos arturianos como Eugène Vinaver, como uma compilação e tradução dos ciclos da Vulgata e Pós-Vulgata francesas nos quais se baseou, em última instância sendo visto como se emulasse a concepção misógina de suas fontes acerca do papel feminino na sociedade. Seguindo o recente ímpeto pela revisão histórica de noções de gênero na Idade Média ilustrado pelo Gender and Medieval Studies Group no Reino Unido e a discussão de Dorsey Armstrong acerca da perspectiva particular de Malory sobre prescrições de gênero em Gender and the Chivalric Community in Malory’s Morte d’Arthur (2003), esta dissertação produz uma reavaliação dessa obra literária para verificar um possível traço subversivo na apropriação de Malory de episódios dos romances franceses. Com tal propósito, este trabalho investigou dois precursores de Malory que são amplamente considerados como figuras centrais para a formação de uma literatura inglesa, a saber, o Poeta de Beowulf e Geoffrey Chaucer, em busca de uma linha em comum no que tange a discussão de questões de gênero na Idade Média, e conduziu um close reading e análise das seções de Morte d’Arthur atribuídas a Malory, como o Juramento de Pentecostes e o Livro de Sir Gareth, para em seguida comparar as seções derivadas com uma de suas maiores fontes, o Ciclo da Vulgata, focando no tratamento de três personagens femininas: a Rainha Guenevere, a Dama Lyonesse, e Morgan le Fay. Na análise das seções originais e estudo das personagens, esta pesquisa se fundamentou na concepção de Judith Butler de gênero como performance e do seu papel na formação de identidades sociais, discutidos em Gender Trouble (1990) e The Force of Nonviolence (2020), e nos ensaios de Maureen Fries — “Feminae Populi: Popular Images of Women in Medieval Literature” (1986) — e Luce Irigaray — “Women on the Market” (1980). Os critérios para o estudo das personagens foram as duas prescrições opostas de conduta feminina descritas por essas duas últimas autoras, respectivamente: o mandamento religioso de castidade feminina e fidelidade conjugal e o uso secular de mulheres como commodities comercializadas para viabilizar relações homosociais. As personagens foram avaliadas de acordo com seus níveis de observância a ambos os estatutos, que variaram entre total observância, observância parcial/transgressão parcial, ou transgressão completa. Considerando os resultados da investigação, do close reading e análise, e do estudo das personagens, este trabalho refutou com sucesso a suposição histórica e literária canônica sobre a homogeneidade da perspectiva de gênero na Idade Média. Esta dissertação demonstra, portanto, como a composição de Malory captura a posição ambígua dos modelos normativos de gênero, indicando uma consciência do impacto do gênero na sociedade medieval que contraria a interpretação já estabelecida. |