A significância religiosa do Parque Nacional da Tijuca: as paisagens valorizadas pelos usuários religiosos de uma unidade de conservação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Malta, Ricardo Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia e Ciências::Instituto de Geografia
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/13239
Resumo: O objetivo principal da tese foi interpretar a significância religiosa do Parque Nacional da Tijuca (PNT), localizado Cidade do Rio de Janeiro, para grupos religiosos, gestores ambientais e pesquisadores, que valorizam e sacralizam determinados lugares, inseridos nas paisagens do Parque. A partir da articulação entre os atores sociais entrevistados que têm fé, os que gerenciam e os que pesquisam o mesmo fragmento territorial, foram desvendadas formas imateriais de valor que os símbolos de diferentes religiões - das capelas católicas e montes evangélicos aos geossímbolos das religiões de matriz afro-brasileira - possuem na dimensão da natureza, em que o homem e o meio (sociedade-natureza) se relacionam através de dimensões simbólicas (paisagens invisíveis) tão ou mais significativas que o pragmatismo das relações fixadas pelos serviços ambientais que uma unidade de conservação pode proporcionar em um ambiente metropolitano. Qual a importância da natureza para os grupos religiosos? Assim, a lógica da descoberta foi adotada como caminho de investigação, e a história oral como técnica de pesquisa qualitativa, complementada pela análise de conteúdo. Além do levantamento de dados secundários e de bases digitais, foram realizadas dezoito entrevistas, entre janeiro e setembro de 2015. A partir da visão das lideranças religiosas entrevistadas na pesquisa, buscou-se compreender a inter-relação entre o homem religioso e a natureza. Em comparação à visão de gestores ambientais e pesquisadores foi possível analisar os pontos comuns e divergentes nas narrativas. A intenção era dar visibilidade aos usos religiosos do PNT e às inter-relações existentes entre os atores sociais pesquisados, priorizando a preservação de diferentes lugares consagrados pelos grupos religiosos. Alguns grupos religiosos organizados persistem valorizando suas paisagens religiosas, no PNT e entorno, embasados por laços comunitários e por uma ética ambiental, fundada no respeito à natureza e às suas divindades, e na luta pela preservação de suas tradições culturais e dos lugares sagrados existentes na natureza, diante de um contexto socioeconômico marcado pela lógica de mercado capitalista e pela cultura judaico-cristã dominante, que também busca incessantemente manter e/ou continuar a imprimir e perpetuar suas marcas nas paisagens do Parque. Por outro lado, outros grupos religiosos e frequentadores isolados não possuem compromisso com a natureza e com o sagrado, poluindo as áreas do Parque, caracterizando-as como paisagens carregadas de significados negativos por grande parte da sociedade. Através dos resultados obtidos foi possível: espacializar o uso público religioso do PNT, apresentando as áreas, localidades e caminhos sagrados, e as estruturas e elementos naturais - geossímbolos -, que valorizam as 46 paisagens religiosas do Parque; e propor recomendações para a gestão do uso público religioso no Parque Nacional da Tijuca