O estádio de futebol como arena para a produção de diferentes territorialidades torcedoras: inclusões, exclusões, tensões e contradições presentes no novo Maracanã
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia e Ciências::Instituto de Geografia BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Geografia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/13253 |
Resumo: | A presente tese tem como objetivo compreender de que maneiras o Maracanã, após a sua reforma/reconstrução e a entrega da administração a um consórcio privado, vem sendo apropriado pelo público frequentador e as diferentes territorialidades a ele associadas. Sua reinauguração, em 2013, consolidou o processo de transformação da icônica praça de esportes carioca, de um estádio concebido para abrigar as massas, dotado de uma centralidade popular e de uma alma própria, em uma arena (a princípio) neutra, similar a tantas outras espalhadas pelo planeta, ápice de uma arquitetura que visa atender ao torcedor-consumidor em detrimento do torcedor tradicional de menor poder aquisitivo. Em função da proposta adotada de estudar as diferentes formas de apropriação encontradas no estádio, o comparecimento a cinquenta e uma partidas realizadas no período compreendido entre fevereiro de 2015 e novembro de 2016 mostrou-se altamente relevante para a obtenção dos dados apresentados. O entendimento inicial de que não existe um único modo de torcer e de que o perfil e o comportamento do público dependem de uma série de variáveis conduziu a análise não somente à observação in loco em diferentes setores, mas também na área externa e em situações diversas. A adoção de uma perspectiva dialética visou articular, sempre que possível, a teoria à práxis uma vez que o Estádio Jornalista Mário Filho representa uma arena na qual são produzidas, reproduzidas e representadas as tensões e contradições encontradas no espaço urbano, refletidas nas diferentes formas de apropriação sofridas atualmente pelo nosso equipamento esportivo mais importante, que devem ser compreendidas como reflexo de um contexto social amplo. O estádio e seus arredores são o resultado de um permanente jogo de forças marcado por embates existentes entre três oposições complementares: atores hegemônicos x atores hegemonizados; verticalidades x horizontalidades; nomoespaço x genoespaço. O esforço empreendido compõe uma fotografia das observações realizadas no estádio das práticas cotidianas ao longo do período estudado. O Maracanã atual surge como um espaço apropriado pelas classes médias, resultante de um processo de elitização incompleto e/ou relativo, que acelerou a preexistente desterritorialização dos torcedores menos afortunados economicamente, sem a pretendida substituição pelo perfil de público desejado pelas forças verticais. Ao fim do período de observações, o espaço concebido pelos atores hegemônicos não conseguiu se impor plenamente aos conteúdos e tradições produzidos pelo espaço vivido do estádio, que consegue manter o seu caráter orgânico, constituindo um objeto de estudo em constante transformação. |