A seca como questão política e social: os discursos em torno dos semiáridos do Brasil e da Argentina a partir dos casos do Ceará e de Santiago del Estero (1932-1937)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Melo, Leda Agnes Simões de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em História Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19219
Resumo: Nesta tese analisamos, comparativamente, duas regiões acometidas pelo fenômeno da seca: os semiáridos do Nordeste no Brasil e do Noroeste na Argentina. Mais especificamente, dois locais vivem constantemente assolados pelas fortes estiagens: no nordeste brasileiro o estado do Ceará, e no noroeste argentino a província de Santiago del Estero. O Ceará e Santiago del Estero, apesar de não estarem próximos no que se refere ao mapa da América, encarnam em suas trajetórias a geografia semiárida. O contexto da década de 1930 foi marcado por uma forte estiagem de dimensão global que também acometeu essas áreas. Uma onda de migrações, miséria, fome, sede e desemprego tomou conta dessas regiões. No Ceará, o ano de 1932 pode ser considerado o mais marcante, e em Santiago del Estero, a ampla maioria das notícias sobre a seca datam no ano de 1937. A partir da seca, buscamos compreender os muitos discursos construídos sobre esses territórios no contexto de crise climática. O momento de uma seca revela visões, discursos, percepções do social, ações concretas, que estão para além do fenômeno climático e, por isso, ela pode ser um fio condutor importante para trazer à tona a própria trajetória de países como o Brasil e a Argentina. Sendo assim, a estudamos como um momento político por excelência. Neste sentido, esta tese visa analisar por meio da imprensa, intelectuais, instituições e agentes políticos, os discursos em torno dos semiáridos cearenses e santiagueños através das secas ocorridas na década de 1930. Procuramos entender também as diversas correlações de força que, neste contexto, bem como nos anteriores, fizeram parte destes territórios e de suas relações diretas e indiretas com a população local. Veremos que os temas da natureza-problema, da água, das migrações, da miséria, do desemprego e do controle social foram comuns para se pensar essas regiões. Portanto, o Ceará e Santiago del Estero são exemplos emblemáticos de como o espaço torna-se campo de disputas e pode ser parte de uma construção discursiva historicamente constituída.