Inseminação Caseira e Maternidade Lésbica: reflexões sobre corpo, direitos e saúde reprodutiva no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Martin, Victória Franco
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22652
Resumo: Há muitas barreiras para que se possa exercer uma maternidade que fuja dos padrões heteropatriarcais de família. Para casais lesboafetivos de mulheres cisgêneras lésbicas e bissexuais, que manifestam a vontade de engravidar com suas parceiras, uma possível solução seria recorrer às clínicas médicas especializadas em reprodução humana assistida. Entretanto, o custo econômico dos procedimentos biomédicos exclui a possibilidade de acesso de grande parte desse grupo de mulheres, dada sua condição socioeconômica. Assim, a prática da inseminação caseira (IC), também conhecida como autoinseminação, surge como alternativa viável, mais autônoma e acessível economicamente, para se atingir o objetivo da gravidez. Este fenômeno ficou majoritariamente conhecido através da internet, onde se encontram redes de mulheres, mobilizadas através de blogs e/ou grupos em redes sociais online, como o Facebook, Twitter e Whatsapp. Esses grupos disseminam depoimentos, fornecem orientações para a realização do procedimento, indicam matérias de telejornais e revistas sobre o assunto, promovem aconselhamento jurídico sobre formas de registros dos “bebês de IC”, além de conectar “tentantes”, pessoas que buscam engravidar, e “doadores”, pessoas que doam sêmen, como se autodenominam. Tendo como objetivo investigar a prática da IC através da percepção de casais lésbicos que recorreram ao método, optei por tecer reflexões - sobre corpo, ciência, direitos e saúde sexual e reprodutiva, - apoiadas em leituras bibliográficas e em cinco entrevistas semi-estruturadas realizadas remotamente, por vídeo-chamadas. As perguntas variam desde a forma como tomaram conhecimento do método, até questões sobre como foram atendidas pelo sistema de saúde enquanto mães que vivenciam a dupla maternidade. Trazendo o depoimento dessas famílias procuro analisar a importância da IC no planejamento familiar dessas mulheres, e compreender a prática como uma estratégia coletiva eficaz de promoção de saúde reprodutiva, para uma população que sofre com a “esterilidade simbólica” e a falta de atenção da saúde às suas especificidades. De qualquer maneira, pode-se reconhecer que a IC tem possibilitado que cidadania e autonomia reprodutiva sejam uma realidade para configurações de famílias e parentalidades diversas.