“Nós somos o resultado do nosso encontro” Pedagogia da ocupação: educação como prática da liberdade e do encantamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Teixeira, Luana Luna
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20712
Resumo: Este trabalho analisa a ocupação estudantil ocorrida no IFRJ, em 2016, e protagonizada, sobretudo, por mulheres – jovens estudantes e estudantes cotistas, na esteira das políticas de cotas implementadas na instituição no ano de 2012. Nessa perspectiva, percebo as ocupações estudantis como inscrições de um movimento contínuo de luta cujo marco são as cotas e o ingresso de uma/um estudante que tensiona a cultura institucional meritocrática, elitista, racista, sexista, classista e conservadora. Duas questões orientam o desenvolvimento deste estudo, quais sejam, as ocupações estudantis como reflexo das políticas de cotas e o protagonismo feminino como pilar estruturante do movimento. Essas duas conexões são por mim analisadas a partir do entendimento da margem como um espaço de abertura, nos termos propostos pela teórica bell hooks. A ocupação é uma ação de estudantes marginais impulsionados pelo reencantamento do espaço escolar e pela ressignificação de uma cultura de escola que normalizou a violência, o racismo e o segregacionismo, por reflexo das desigualdades estruturais fundantes e mantenedoras de um capitalismo dependente-patriarcal-branco-heteronormativo. Esse potente movimento de resistência juvenil marginal restituiu à escola, pela ação das(os) estudantes, o encantamento pelo compromisso com uma educação emancipatória, transgressora, amorosa e libertária, pensada e realizada pelas(os) oprimidas(os). Assim, retomando as linhas mestras de Paulo Freire e do pensamento hooksiano, esta tese propõe uma pedagogia da ocupação, entendida como educação para a prática da liberdade. A essa reflexão é associado o conceito de “encantamento”, como proposto por Luiz Antonio Simas, para quem o contrário da vida não é a morte, mas o desencanto. Assim, afirmar o encantamento é afirmar o direito à vida com alegria, luta e amor. A pedagogia da ocupação intersecciona reflexões sobre juventude, relações raciais, feminismo radical, cotas, ancestralidade, resistência, amor e encantamento, orientada por alargamentos epistemológicos não eurocentrados oriundos das experiências de vida contra-hegemônicas, marginais, entendidas como sabedorias ancestrais diaspóricas. A questão da descolonização do saber, assim como da escrita e da linguagem, emerge como um compromisso de reparação e combate ao epistemicídio, sendo a escrita desta tese atravessada pelas “vozes” de autoras e autores majoritariamente brasileiras(os) – intérpretes do Brasil comumente invisibilizadas(os) pela heteronomia cultural que marca uma sociedade capitalista-dependente. Metodologicamente, buscou-se teorizar a experiência vivida pelas e pelos jovens estudantes no movimento de ocupação estudantil, dando centralidade às suas narrativas, costurando a memória da ocupação na linguagem das/os ocupas, combinando, desse modo, análise pessoal, com crítica e perspectivas teóricas. Conclui-se que a ocupação estudantil é uma luta contínua, histórica, diaspórica e permanente pela libertação das/os oprimidas/os.