Por uma lituraterra darwiniana: Darwin, Freud, Lacan

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Proença, Paulo Lisboa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicanálise
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/14537
Resumo: O presente trabalho propõe uma leitura de viés lacaniano de alguns aspectos da obra e do legado de Charles Darwin (1809 - 1882). Como é bem conhecido, Freud inseria sua contribuição científica dentro de uma genealogia epistemológica que ele denominou golpes no narcisismo da humanidade: primeiramente, Copérnico, teria tirado a Terra do centro do Universo, seguido de Darwin, que instalou o homem na série animal. Em terceiro lugar, ele mesmo, Freud, descentra o homem de si mesmo com o inconsciente. É importante perguntar o porquê desse lugar de Darwin justamente antes de Freud. O nome de Darwin tem sido, desde a publicação de A origem das espécies (1859) e, mais acentuadamente, com A origem do homem (1871), alvo de intensa polêmica e de mal-entendidos históricos de toda a sorte, confundido que é com a noção de progresso do discurso liberal inglês, com "darwinismo social", com eugenismo, racismo, e até nazismo. Mas pouco ou quase nada ficou da sua real posição ética que, surpreendentemente, pode dialogar com Freud e Lacan em diversos níveis. Esse diálogo só é possível porque Darwin opera um furo na natureza que é o lugar enigmático do próprio sujeito, a origem do sujeito. Assim sendo, ele determina processos cujos mecanismo tanto homens quanto animais passam ou passaram: seleção natural e seleção sexual. Os efeitos no homem, no entanto, são altamente diferenciados por causa da linguagem e do social, da cultura. Supomos que, entre Descartes e Freud, tem-se Darwin, que faz uma torção ao se servir de uma maneira própria das conquistas da ciência moderna. Por isso, Darwin é muito mais subversivo do que ingenuamente se consideraria 'um cientista que descobriu a evolução e tem as respostas para o bem da humanidade'. Com Darwin, algo de gozo retorna e ele tenta nomeá-lo através de uma ciência natural desnaturalizada, furada. Nesse estado de coisas, supomos uma escrita, ou antes, especificamente, um jogo de escritas: a escrita do organismo na evolução, que abre espaço para uma escrita do sexual no corpo, mergulhado no imaginário da natureza e, a partir disso, uma escritura responsável, no campo do social, pelo gozo do único em cada sujeito. Toda essa disposição de escritas irá, em Darwin, abordar as modificações do corpo desde o animal ao homem, cujo meio, nesse caso, é circunscrito pelo significante. Para apresentar esse desdobramento, nos servimos de uma figura central na obra de Darwin, da assim denominada árvore da vida e suas ramificações que apresenta sua teoria, sua prática de naturalista e o campo do gozo, marcadamente escópico, aí envolvido