Antigos e Modernos: a querela francesa e a disputa pelo gosto no século XVII

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Martins, Juliana Timbó
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em História
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Art
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17919
Resumo: Conhecida como querela dos Antigos e dos Modernos do século XVII, a série de debates entre membros da Academia Francesa que movimentou a república das letras nos tempos do Rei-Sol opôs, de um lado, os defensores da exemplaridade da Antiguidade e, de outro, os partidários da legitimidade do gosto e das técnicas modernas na produção artística e literária do período. Entre aqueles que deram ensejo ao embate, Charles Perrault destacou-se não apenas como porta-voz dos autointitulados Modernos, mas também como estopim do imbróglio iniciado com a leitura pública de seu poema Le siècle de Louis, le Grand (1687), onde ousou afirmar a superioridade das diversas áreas do conhecimento de seu tempo em comparação ao legado clássico, alicerce da doutrina artística então representada e defendida por seu rival, Nicolas Boileau-Despréaux. Contrário à prática antiquária que estabelecia como de “bom gosto” somente os produtos culturais que tinham na tradição clássica sua referência, inspiração ou imitação e consciente da individualidade e interioridade dos sujeitos modernos, Perrault esboçou em seus escritos publicados ao longo da contenda uma intrínseca defesa das individualidades e sensibilidades, que, segundo seu pensamento, deveriam se expressar, acima de tudo, nas artes e no gosto, esta faculdade pessoal e subjetiva guiada a um só tempo pelos sentidos, pela razão e pelo coração. Contrapondo, assim, a concepção filosófica e artística classicista então vigente aos discursos literários de Charles Perrault enquanto catalizador do ideal moderno em debate, buscou-se aqui investigar e discutir a querela dos Antigos e dos Modernos do século XVII como episódio precursor de uma estética onde o gosto, juízo sensível, individual e individualizante, se destaca como novo eixo definidor de um belo que não pode mais ser reconhecido apenas pela razão, mas deve ser apreendido também pelo coração. Ora, se, por um lado, os Antigos concebiam cada obra de arte e literatura como um microcosmo interligado e dependente de um macrocosmo exterior, onde os critérios do belo eram racionalmente preestabelecidos e rigorosamente seguidos, por outro, os Modernos concebiam a arte tendo como referência a individualidade, a sensibilidade e a interioridade de seu criador e, principalmente, de seu receptor.