O habitus dos castigos físicos e a Disciplina Positiva na perspectiva de capacitadores níveleducador: construção social do direito da criança a uma educação não punitiva - período de 2003 - 2018

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Baluta, Maria Cristina lattes
Orientador(a): Moreira, Dirceia lattes
Banca de defesa: Minetto, Maria de Fatima Joaquim lattes, Silva, Eliezer Gomes da lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas
Departamento: Setor de Ciências Sociais Aplicadas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2904
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo geral analisar a percepção dos participantes brasileiros na Positive Discipline Association, nível Educador, no processo de disseminação da Disciplina Positiva no contexto nacional e a sua influência no habitus da aplicação dos castigos físicos como forma de educação da criança no ambiente familiar. A Disciplina Positiva representa uma abordagem educacional americana desenvolvida pela Dra. Jane Nelsen, presente em mais de 60 países, baseada no trabalho dos psicólogos Alfred Adler e Rudolf Dreikurs. A „filosofia‟ de vida e estratégia parte do pressuposto de que as crianças aprendem disciplina quando ensinadas com gentileza e firmeza ao mesmo tempo, sem punições, recompensas ou castigos. Sua contribuição para a Educação está na transformação do olhar do adulto sobre a criança, que, antes de ser filho, é um ser humano em desenvolvimento e sujeito de direitos. A Lei n. o 13.010 (Lei Menino Bernardo), sancionada em 2014 permanece ignota para a maior parte das famílias que continuam no habitus da educação via castigos físicos. Esse posicionamento revela a complexidade com que o tema da educação punitiva deve ser investigado, sem qualquer denotação maniqueísta ou inculpação dos pais pela forma que educam seus filhos, mas sob o enfoque da compreensão do motivo da reprodução geracional deste método e o papel exercido pela criança nesta relação milenar de dominação. A capacitação parental, enquanto construção social e fenômeno de transição pode ser objeto de formação e transformação dos padrões culturais resultantes do processo civilizador, desde que os agentes sociais sejam motivados e incentivados em práticas alternativas. Para a compreensão do espaço social de ocorrência do fenômeno no mundo social a pesquisa foi conduzida pelas reflexões teóricas fundadas no estruturalismo construtivista de Bourdieu, a partir de suas categorias de habitus, campo e capital. A pesquisa tem caráter qualitativo, realizada a partir do método hipotético dedutivo, com recorte temporal compreendido entre o ano de 2003 a 2018. O percurso metodológico se perfaz na visita aos sites dos Estados brasileiros, pesquisa nos jornais impressos da Câmara dos Deputados e vídeos da TV Câmara, participação no curso on line de Disciplina Positiva, coleta de respostas a questionário distribuído em dois Workshops de Disciplina Positiva e entrevistas junto aos membros brasileiros cadastrados na Positive Discipline Association Nível-Educador, agentes da pesquisa. As técnicas empregadas correspondem à pesquisa bibliográfica, documental, observação simples, questionário e entrevista semiestruturada. Os resultados ratificam a tese de que a Disciplina Positiva se apresenta como mais um importante instrumento de transformação da forma de educar as crianças, e como os demais métodos similares, com real potencialidade para modificar o habitus da educação punitiva no ambiente familiar. No entanto, os dados sugerem que os motivos da procura por uma capacitação parental permanecem arraigados a visão adultocêntrica tradicional. Ainda não se trata de reconhecer o direito das crianças, mas de resolver o problema dos pais de não perderem a autoridade frente aos filhos, o que explica a persistência e invisibilidade do uso naturalizado dos castigos moderados como forma de educação, comportamentos estes internalizados e aprovados como sinônimos da boa educação.