Catolicismo e educação na Carta Pastoral de Dom Sebastião Leme (1916)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Malanczen, Paula Danieli lattes
Orientador(a): Skalinski Junior, Oriomar lattes
Banca de defesa: Cavanna, Federico José Alvez lattes, Weber, Maria Julieta Batista de Almeida lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Departamento de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/4200
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo analisar a Carta Pastoral, saudando os seus diocesanos (1916), escrita por dom Sebastião Leme (1882-1942), arcebispo metropolitano de Olinda. Destacam-se suas proposições e seu impacto no campo educacional, no contexto das relações entre Igreja e Estado durante a Primeira República. Nossa investigação é situada no âmbito da História da Educação e busca ampliar suas possibilidades de análise a partir do diálogo com a História Intelectual e com a Sociologia. Destacam-se como ferramentas conceituais empregadas na pesquisa, nomeadamente, as categorias elaboradas por Pierre Bourdieu. A Carta Pastoral de dom Leme, publicada em 1916, por ocasião de sua posse junto à Arquidiocese de Olinda (a partir de 1918, Arquidiocese de Olinda e Recife), é a fonte histórica selecionada para nossa pesquisa. Conseguiu-se cópia fac-símile da primeira edição do documento, no repositório virtual da Catholic University of America, Whasinghton-DC. A referida edição foi publicada pela Typologia Vozes de Petrópolis – possui 138 páginas e é dividida em 4 partes. Sebastião Leme foi uma das mais importantes lideranças intelectuais católicas da primeira metade do século XX, notabilizando-se por sua atuação no sentido de recuperar a relevância da doutrina e dos valores católicos no debate público. Nesse sentido, impulsionou a estratégia de mobilizar o laicato com vistas a que ocupassem posições em variados campos sociais, trabalhando em favor dos interesses da Igreja, numa atuação na fronteira dos campos político, religioso e educacional. No presente trabalho realiza-se uma análise da estrutura, do conteúdo e do sentido histórico da Carta Pastoral de dom Leme, aquilatando-a como um documento chave – a considerar seu impacto significativo no contexto da Primeira República – para entender as ideias e as estratégias propostas pelo arcebispo, com vistas à restauração católica do país. Como resultados destacam- se alguns elementos capitais ao longo do discurso de dom Leme em sua Carta Pastoral, quais sejam: a relevância por ele conferida ao que entendia ser o problema da ignorância religiosa no Brasil, interpretada como um real impeditivo para a coesão e a mobilização social dos católicos; laicização do Estado brasileiro, juntamente com a secularização da cultura nacional, num fenômeno típico da modernidade promovida pela República, que, na avaliação de dom Leme, implicavam na perda da histórica identidade católica do povo; e, ainda, a defesa ferrenha da presença católica no campo educacional, notadamente, por meio do ensino religioso como disciplina nas escolas oficiais, ao que se somou a demanda pela subvenção estatal das escolas católicas. Sebastião Leme trabalhou em favor de uma concepção de fé amparada pelo conhecimento e pela racionalidade, como caminho para superação de uma religiosidade norteada pelos aspectos afetivos, que, segundo ele, abria a porta para a ignorância religiosa. A repercussão da Carta Pastoral proporcionou a dom Leme visibilidade e prestígio, tanto em meios católicos quanto seculares, o que solidificou sua liderança intelectual e alavancou o projeto de uma neocristandade no Brasil.