Lixo Humano ou Humano Lixo: colapso anunciado de um modo de vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Cavichiolo, Rafael Gustavo lattes
Orientador(a): Salles Filho, Nei Alberto lattes
Banca de defesa: Paulo Neto, Alberto lattes, Frasson, Antonio Carlos lattes, Silva, Lenir Aparecida Mainardes da lattes, Raiher, Augusta Pelinski lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas
Departamento: Setor de Ciências Sociais Aplicadas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/3981
Resumo: O lixo é uma expressão significante da questão ambiental. A partir do incômodo que ele naturalmente representa, iniciaram-se as discussões sobre o tema, cuja inclusão foi inicialmente feita a partir de 1972 na Convenção de Estocolmo, onde o seu documento final reproduziria uma lógica consistente em separar o humano da natureza, estabelecendo a partir daquele momento um afastamento de aspectos ambientais e sociais. Essa lógica repete-se em torno dos direitos humanos, que são estabelecidos a partir de atos declaratórios, com efetividade limitada. Preferiu-se, ao longo desta pesquisa uma abordagem humanitária, em detrimento dos ditos “direitos”, permitindo que fosse feito um aprofundamento do conteúdo humano existente no lixo. A pesquisa em formato bibliográfico e documental adotou a metodologia exploratória, com o propósito de atender ao seu principal objetivo, que é compreender como o lixo humano pode representar indicativo de traços do comportamento humano desconexos com as premissas coletivas e humanitárias, estas entendidas a partir de um estilo de vida amparado no consumo, no consumismo, na frágil distribuição equânime de bens materiais e com foco em uma perspectiva meramente individualista. Como base teórica fundante foi utilizada a Teoria da Complexidade de Edgar Morin, com análise de questões humanitárias, modo de vida e instituições sociais, a partir da perspectiva de Herrera Flores, Zygmunt Bauman e Émile Durkein, além de considerações relativas a um possível colapso humanitário conforme Jared Diamon. Exemplos globais e a apresentação de um olhar mais amplo foram possíveis a partir da vasta obra sobre o lixo produzida por Maurício Waldman. O aprofundamento feito em relação ao modo de vida considerou questões relacionadas com a coesão social, adotando-se como um dos seus principais indicativos o crescente número de moradores de rua. Além disso, também foram resgatadas medidas de consumo possíveis de verificação ao longo do tempo, no caso a água e energia. Também sobre o comportamento humano, procurou-se um aprofundamento em torno de uma terminologia adotada na área ambiental, a degradação. A partir do enfoque contido no objetivo geral, foram observados aspectos ambientais, especialmente passivos e desastres relacionados com a água, e sociais, como os índices de desenvolvimento humano, distribuição de renda, depressão, suicídios, homicídios dolosos e suas vítimas. Para demonstrar a correlação entre os dados coligidos, foram organizados modelos de regressão estatística, chegando-se a 98% de precisão na explicação do fenômeno lixo e a sua correlação com aspectos humanos do tempo presente, como o consumo e a forma como organiza sua vida social. A água consumida foi a variável que demonstrou melhor correlação com o lixo, podendo ser utilizada como uma forma de medição indireta. O propósito desta pesquisa foi posicionar o lixo no centro do debate humano, ambiental e na construção de Políticas de Estado, pois ele pode ser considerado como um forte indicativo de falha nos processos humanos e sociais. Em decorrência do significante quadro de mudanças provocado pela humanidade nos últimos três séculos, e peculiarmente a partir da década de 1940 com o avanço da tecnologia nuclear, foi possível identificar a pertinência em reclassificar ao atual momento geológico como a Era do Antropoceno.