Políticas lingüísticas para libras: considerações de uma professora surda

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Nunes, Evelin Seluchiniak lattes
Orientador(a): Fraga, Letícia lattes
Banca de defesa: Briega, Diléia Aparecida Martins lattes, Jovino, Ione lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós - Graduação em Estudos de Linguagem
Departamento: Departamento de Estudos da Linguagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2889
Resumo: O objetivo central deste estudo é analisar a política que orienta a Lei Municipal nº 12.213, de 23 de junho de 2015, e o Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola Municipal Bilíngue para Surdos Geny de Jesus Souza Ribas quanto à (não) defesa de uma educação bilíngue, a partir da minha ótica de professora surda. Ser surda profunda pós-lingual e poder atuar dentro dos espaços educacionais inclusivos e sentir na pele as dificuldades tanto como aluna quanto professora que está ao lado de alunos que não se sentiam satisfeitos ou felizes foram pontos que influenciaram meu ponto de vista e formaram minha opinião questionadora em relação à educação inclusiva. Esta inclusão não está sendo feita de forma adequada, pois não considera a diferença linguística e cultural em relação a Libras, como também a preocupação com o aspecto metodológico bilíngue que se pretende adotar para o ensino do Português como L2. Conforme Góes (2012, p. 63), na escola regular o acesso aos conteúdos ocorre de forma bimodal. Para compreender melhor este caminho percorrido à luz dos estudos em política linguística, Estudos Surdos (SKLIAR, 1998) e Política Educacional, é de suma importância rever o papel das leis e o seu reflexo no sistema educacional brasileiro. Inicialmente, descrevo um pouco da história da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no Brasil, a partir das leituras, e em seguida discuto pontos importantes encontrados no decorrer da pesquisa. Essa “experiência pessoal ou profissional, de estudos e leituras” (LAKATOS; MARCONI, 1992, p. 45) iniciou em 2006 e continuou até fins de 2018, momento em que a Educação de Surdos e a Libras se constituíram a partir de discursos (STURMER, 2016) e lutas por uma educação que contemple a diversidade linguística. No entanto, as práticas nas escolas regulares sob a bandeira da Educação Inclusiva não garantem acesso à Libras como língua de instrução, mas como instrumento de ensino para facilitar a compreensão dos conteúdos. Conforme os documentos analisados, a desvalorização linguística e cultural, a falta de incentivo governamental, a infraestrutura, a formação continuada para os professores e os recursos visuais com auxílio da tecnologia são também um dos fatores negativos das práticas inclusivas. Assim, faz-se necessário repensar essas práticas e para isso são necessários uma proposta e um plano de ação, que inclui políticas linguísticas e respeito aos direitos humanos, linguísticos e culturais (SKUTNABB-KANGAS, 1994), considerando o contexto bilíngue da criança surda (QUADROS, 2006).   As práticas bimodais, o despreparo dos professores e o desconhecimento da cultura surda são um desafio para que essa política de Educação Bilíngue se concretize. É preciso que tanto a escola regular como a escola bilíngue para surdos sejam ambientes que respeitem o que a lei propõe, pois, para que a Libras seja uma disciplina obrigatória, o contexto cultural e linguístico da comunidade surda deve estar presente nesses espaços educacionais.