Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Rocha, Joelma de Souza
 |
Orientador(a): |
Correa, Djane Antonucci
 |
Banca de defesa: |
Pinto, Joana Plaza
,
Fraga, Letícia |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual de Ponta Grossa
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós - Graduação em Estudos de Linguagem
|
Departamento: |
Departamento de Estudos da Linguagem
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2987
|
Resumo: |
Este trabalho objetiva problematizar o papel que a Base Nacional Comum Curricular (2017) possibilita ao professor exercer como agente de políticas linguísticas com vistas a: destacar o posicionamento político linguístico que orienta o componente curricular Língua Portuguesa, para os ensinos infantil e fundamental, na Base Nacional Comum Curricular (2017); descrever a concepção de língua(gem) defendida no referido documento, buscando observar o modo como a Língua Portuguesa é gerida por ele e se tal abordagem de língua(gem) aponta (ou não) para a manutenção dos discursos hegemônicos sobre língua no Brasil; relacionar as políticas linguísticas presentes em tal documento com os discursos hegemônicos sobre língua no Brasil. A metodologia de pesquisa utilizada corresponde ao levantamento bibliográfico e à pesquisa documental dentro da perspectiva qualitativa (OLIVEIRA, 2007; LUDKE; ANDRÉ, 2015) e considera o viés da pragmática (RAJAGOPALAN, 2014b) para as discussões dos resultados. No que corresponde ao aporte teórico adotado, abordamos os seguintes temas, apoiando-nos, principalmente, nos respectivos autores: multilinguismo no Brasil (OLIVEIRA, 2009; MAHER, 2013), política linguística e o ensino de línguas (CALVET, 2007; CORREA, 2009, 2010, 2014, 2017a, 2017b; RAJAGOPALAN, 2013), políticas linguísticas relacionadas à Língua Portuguesa (ALTENHOFEN, 2013; BUNZEN, 2011; MAHER, 2013; OLIVEIRA, 2002-2009; SILVA, CYRANKA, 2009; PINTO, 2014) e agência (DURANTI, 2004; RAJAGOPALAN, 2013). Os dados analisados demonstraram que a Base Nacional Comum Curricular de Língua Portuguesa intervém no domínio linguístico, de modo que traz uma concepção de língua(gem) que deve ser colocada em prática nos currículos. Desse modo, o documento sinaliza, principalmente, para as seguintes políticas linguísticas in vitro: a soberania da escrita e da norma padrão; a ―acolhida‖ (inevitável) à variação linguística, integrada no documento respeitando uma norma unificadora – padrão – e, nesse sentido, sinaliza também para a padronização da Língua Portuguesa. Tais políticas linguísticas in vitro se relacionam tanto com os instrumentos de planificação linguística apontados por Calvet (2007) - escrita, léxico e padronização – quanto com as hegemonias sobre língua no Brasil apontadas por Pinto (2014) - a unidade linguística (ou variação monolíngue), a hierarquia escrita/oralidade e a correspondência linear língua/escrita/cognição. Desse modo, a abordagem de língua(gem) presente no documento, aponta para a manutenção dos discursos hegemônicos sobre língua no Brasil, bem como para a coexistência das contradições de tais discursos hegemônicos. Pois os letramentos digitais, bem como a cultura digital, caros às práticas identitárias contemporâneas, que trabalham no sentido oposto às hegemonias mencionadas, são incluídos no documento, mas com a ressalva de que são secundários se comparados à escrita e a norma padrão, principalmente. Além disso, foi possível perceber que os conhecimentos que os alunos devem adquirir e aplicar, de acordo com o documento, estão em consonância com os conhecimentos avaliados nas provas das avaliações em larga escala. Pudemos perceber também que, durante a formulação do documento, a voz ouvida foi prioritariamente a dos apoiadores do documento – movidos pelos interesses econômicos e mercadológicos - e não a dos professores. Diante disso, concluímos que são muitas as instituições que agenciam as questões linguísticas no Brasil, o documento analisado é um importante agente de imposição linguística e a agência dos professores de Língua Portuguesa são determinantes para que as exigências do documento sejam colocadas em prática, pois, mesmo que subordinados a instituições mais poderosas, os professores possuem certa autonomia. O posicionamento adotado pelos professores em sala de aula, o modo como eles trabalharão tais questões é que garantirão (ou não) a efetivação dessas políticas linguísticas, uma vez que seus atos de fala, reiterados continuamente, possibilitam entendimentos e agenciamentos sobre e por meio da linguagem. Em suma, apesar do caráter descritivo do documento, se apresentam possibilidades de agenciamentos aos professores, desde que este seja capaz de identificar o posicionamento político linguístico incrustado no documento. |