O visível e o invisível em ensaio sobre a cegueira de José Saramago
Ano de defesa: | 2012 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual da Paraíba
Literatura e Estudos Interculturais BR UEPB Mestrado em Literatura e Interculturalidade - MLI |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.bc.uepb.edu.br/tede/jspui/handle/tede/1750 |
Resumo: | Este trabalho objetiva analisar a obra literária Ensaio sobre a Cegueira (1995), do escritor português José Saramago. Nesse romance ensaístico, um repentino e inexplicável ataque de cegueira (branca) torna-se uma epidemia entre os habitantes de um grande centro urbano. A partir da perda de um órgão dos sentidos (a visão), as personagens que são inominadas, como marca da impessoalidade passam por um processo de mutação e, em seguida, transformam o mundo que as cerca, isto é, a obra apresenta, dentre outros aspectos, a relevância dos sentidos no processo de relação e compreensão do mundo. Nesse contexto, o conceito de estesia do corpo do filósofo francês Merleau-Ponty, apresentado, com efeito, nas obras Fenomenologia da Percepção (2005), O Visível e o Invisível (2007) e O olho e o Espírito (2004), apresenta-se como relevante tema a ser considerado na análise do Ensaio sobre a Cegueira, tendo em vista que tanto Merleau-Ponty quanto Saramago investem em uma filosofia do corpo, com foco na percepção pelos sentidos, afastando-se, sobremodo, do racionalismo e rompendo com as dicotomias clássicas. Portanto, este trabalho apresenta três capítulos: o primeiro discute, de modo mais geral, a relação entre a fenomenologia de Merleau-Ponty e a obra de Saramago, confrontando as transformações e percepções da realidade pelos sentidos apresentadas no Ensaio com o conceito de estesia do corpo, buscando mostrar a relevância dessa teoria para a compreensão da obra saramaguiana. O segundo capítulo analisa o Ensaio de forma mais específica, observando os processos perceptivos de cada gradiente sensorial (visão, audição, olfato, tato e paladar), enquanto instrumentos da percepção. Para tanto, apoiar-se-á nos estudos de Ozíris Borges Filho (2009; 2007) e Harvey Richard Schiffman (2005); autores que apresentam mais detalhadamente as funções desses sentidos no processo perceptivo, já que o conceito de estesia merleau-pontyana não é suficiente para tratar de tais especificidades. Por fim, o terceiro capítulo tenta interpretar algumas alegorias presentes no Ensaio, focando o corpo e a percepção enquanto metáforas, as quais representam, também, uma forte crítica ao comportamento do indivíduo pós-moderno, que, após os processos globalizantes, se torna cada vez mais individualista, passando a não mais perceber e sensibilizar-se com o Outro nem com o mundo. Nessa abordagem, serão utilizados principalmente os estudos de Coelho (2006), Lima (2008), Deoud (2010), Horkheimer (2007) e Giddens (2002). Portanto, apresenta-se a dimensão simbólica da cegueira, que surge tanto como representação de um ofuscamento da razão por parte desse indivíduo quanto como uma reconstrução ou processo de conscientização. |