Literatura eletrônica: videopoema e videonarrativa, novas resistências à máquina capitalista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Queiroz, Jefferson Justino de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual da Paraíba
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - PRPGP
Brasil
UEPB
Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade - PPGLI
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/3389
Resumo: Embora o capitalismo se aproprie da linguagem do vídeo para construir subjetividades, colocando em circulação modelos de desejos e modelos de sujeição, muitas vezes, a literatura contemporânea se utiliza das semióticas mistas próprias do audiovisual para potencialmente produzir novos devires para além da sujeição, eis a hipótese de base da nossa pesquisa. De posse desta mesma cultura das telas, poetas apresentam vias de acesso que possam a vir a se tornar ferrugens nas engrenagens dos agenciamentos maquínicos capitalistas na medida em que a problematização da linguagem é um vetor inalienável da prática poética. Com o objetivo de confirmar nossa hipótese de base e dar uma resposta ao problema da sujeição e submissão da produção de subjetividade sob o capitalismo contemporâneo discutido por Maurizio Lazzarato, dialogamos no primeiro capítulo com autores que se debruçaram a analisar as mudanças que a literatura assumiu em tempos atuais, tornando-se o que alguns chamaram de literatura eletrônica, como é o caso de Hayles, Bellei e Murray. Esses pesquisadores nos permitiram analisar a literatura distanciada do conceito da tradição, a partir do surgimento de uma nova tecnologia digital, que proporcionou ao leitor adentrar na narrativa, deixar sua marca, e construir sua trajetória narrativa através do uso de hipertextos. Foi o arcabouço teórico necessário para compreender a literatura no ciberespaço, portadora de um enredo multiforme, capaz de expandir-se para outras mídias numa relação intermidiática, sem, no entanto, deixar de ser literatura. No segundo capítulo veremos que o vídeo, a mídia de mais relevância em tempos hipermodernos, alargou as possibilidades de produção poética, permitindo ao artista elaborar obras através do uso das semióticas mistas. Dubois apresenta-nos com detalhe o que ele acredita ser uma teoria da estética do vídeo, uma vez que essa mídia possui características próprias e singulares. Com esse escopo teórico, dialogamos, em nosso terceiro capítulo, com Lazzarato visando expor de que maneira o maquinário capitalista se apropria das semióticas mistas para produzir subjetividades próprias para sua manutenção. Os conceitos desse teórico, embasado na teoria de Deleuze e Guatarri, de sujeito individuado, sujeição social e servidão maquínica nos foi útil para a análise do videopoema “Pessoa”, de Antunes. Nesse sentido, exploramos o poema enquanto ferrugem ao maquinário, resistência ao processo de subjetivação dominante, pontos de fuga do eixo centralizador capitalista. Nossos esforços se voltam para entender a multiplicidade presente na literatura eletrônica, ao passo em que voltamos nosso foco também para a relação entre literatura e vídeo, uma vez que entendemos que os autores se apropriam das semióticas mistas do vídeo para conscientemente atingirem as subjetividades dos leitores, potencializando o fazer artístico, chegando ao ponto de dizer sem o artifício da linguagem verbal, resistindo à tirania das letras, equilibrando-as em sons, cores, formas, ritmos e movimentos que não estavam inscritos nas subjetivações dominantes.