Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Freitas, Lucas do Prado |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.uel.br/handle/123456789/12737
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Resumo: |
Resumo: Em análise do último Eça, o crítico Miguel Real (26) aponta, como característica estilística dominante, a opção pelo ensaísmo e pelo comparativismo, dizendo ser um autor que, na tematização das grandes questões morais e filosóficas que marcaram o paradigma cultural europeu finissecular, tendeu a oferecer apenas sínteses inconclusivas O procedimento discursivo de construir e derrubar teses, que chamamos de antifilosofia, é notável n’A Cidade e as Serras (191) e n’A Correspondência de Fradique Mendes (19), obras semipóstumas e por anos desvalorizadas pela crítica, até que recebessem abordagens mais atentas à sua riqueza Trabalhando sobre a intersecção entre literatura e filosofia, procuramos reler esses romances e os contos “José Matias” (1897) e “Civilização” (1892) a fim de romper com interpretações reducionistas do último Eça e propor análises que valorizam o seu substrato filosófico, o qual identificamos como sendo sumamente cético e característico de uma mundividência particular Na tradição filosófica pirrônica, se toda verdade encontra outra igualmente válida, o sábio deve decidir pela suspensão do juízo, eximindo-se de emitir uma opinião categórica sobre qualquer assunto que seja Partimos do pressuposto de que Eça de Queirós sempre manteve a dúvida como procedimento metódico (ALVES, 218) Mesmo duvidando da possibilidade de acessar uma verdade última, nunca deixou de a buscar Jacinto e Zé Fernandes representam dois valores de uma equação insolúvel; Fradique Mendes, pela sua heterogeneidade contraditória, é o paroxismo e a ironia levada à última consequência No concernente aos contos, “Civilização” questiona o progresso científico; “José Matias”, pela apropriação poética do discurso filosófico, assume a insuficiência do pensamento sistemático Chegamos, assim, pela valorização da filosofia no último Eça, à constatação de que a ciência não oferece verdades incontestáveis e de que a fé irrestrita na razão pode ser gravemente prejudicial para a humanidade A literatura, nesse sentido, desempenha uma importante função social, na medida em que provoca dúvidas e gera inquietações, sendo um instrumento legítimo de reflexão filosófica |