O afeto presente nas práticas de autoatenção e seus efeitos na formação de uma saúde integrativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Registro, Milena
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.uel.br/handle/123456789/18098
Resumo: Os processos de saúde e doença no Ocidente são sobretudo determinados pelo modelo biomédico cartesiano de caráter hegemônico, responsável por induzir o que se entende por atenção em saúde, atuando assim, como uma ferramenta de controle social mediante à imposição de uma norma de bem-estar. A crítica a esse modelo médico é necessária para não apenas expor as relações de poder que influenciaram o curso histórico dos processos de saúde e doença, mas também para que avancemos na discussão de saúde como um conceito ampliado e plural. Os processos de saúde e doença são reflexos de sistemas culturais que contribuem para o conhecimento da existência de outros modelos de atenção qualificados, e de outras formas não institucionais de se produzir saúde. A existência de redes informais em saúde apresenta-se nesta pesquisa enquanto práticas de autoatenção no protagonismo de sujeitos e coletivos que buscam encontrar e criar soluções para suas demandas de saúde, mediante sua própria realidade e subjetividade, guiando-se pelo afeto que permite articular de maneira fluída diferentes dimensões epistemológicas e práticas em prol dos seus desejos. O objetivo da pesquisa, portanto, é de compreender e demonstrar como a autoatenção articula afetivamente distintas formas de cuidado para a formação de uma saúde mais integrativa, tendo como local empírico de estudo a associação comunitária Ciranda da Cultura em Londrina, Paraná. Trata-se de um espaço autogestionado, sobretudo por mulheres e adolescentes, que fornece e fomenta atividades cooperativas gratuitas à comunidade por meio do trabalho em rede. Por meio de uma análise qualitativa etnográfica em colaboração à metodologia cartográfica, realizaram-se encontros participativos com a intenção de produzir mapas afetivos que ilustrassem as linhas de força e os movimentos de desejo que dão forma ao que nomeio como Cirandas da Autoatenção. Como resultado preliminar teve-se a concepção de que o afeto atua como potência dessas práticas que, ao não evitar as subjetividades, extrapolam os limites protocolares dos modelos de atenção formalizados, contribuindo para o rompimento de ciclos de dependência diagnóstico terapêutica, assim devolvendo e produzindo autonomia às pessoas em campos de força micropolítica. As considerações da pesquisa são de que a prática de autoatenção encaminha a saúde para um cuidado não genérico, que se aproxima dos fluxos de vida das pessoas como uma prática integrativa no reflexo de suas necessidades e desejos.