O hibridismo ensaístico-auto(bio)gráfico de Silviano Santiago : grafias de vida em “Menino sem passado” (2021)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Romano, Claudia Horrana da Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Goiás
UEG ::Coordenação de Mestrado em Língua, Literatura e Interculturalidade
Brasil
UEG
Programa de Pós-Graduação Strito sensu em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/1532
Resumo: A hibridação entre as escritas de si e a escrita de ficção é uma das linhas de força das narrativas do crítico, ensaísta e escritor brasileiro contemporâneo Silviano Santiago. Desde sua obra Em liberdade, publicada em 1981, aos seus romances mais recentes, sobretudo em Machado (2016) e Menino sem passado (2021), constatamos um cruzamento de dicções de teor autobiográfico, autoficcional, biográfico e memorialístico na escrita romanesca. Além disso, seus textos narrativos revisitam arquivos históricos de determinados momentos da história do Brasil, sobretudo relacionados aos períodos ditatoriais. Pela sua exímia produção ensaística, nota-se a interferência dessa grafia-crítica, bem como da chamada “grafia-de-vida” (NOLASCO, 2023) no bojo de sua obra ficcional, sobretudo em seu último romance Menino sem passado. Partindo desse hibridismo de dicções e de perspectivas de escrita, esta dissertação se ocupará em examinar o romance Menino sem passado, publicado em 2021, no intuito de perscrutar as estratégias de escrita que o autor se vale para construir uma escrita híbrida que incorpora ensaio, auto(bio)grafia e ficção. Menino sem passado é um romance que aborda a primeira infância de Silviano Santiago (1936-1948) em sua cidade natal, Formiga, interior de Minas Gerais. Nessa obra, o narrador autodiegético rememora eventualidades de sua infância: o falecimento de sua mãe; o amparo que recebeu de babás ao longo da infância; a convivência com seus irmãos e uma relação embaraçosa com o pai. O romance abarca, também, as predileções iniciais que marcaram sobremaneira o narrador-personagem, tais como o cinema e as histórias em quadrinhos. Em determinado momento da obra, há um salto temporal e geográfico entre as paisagens citadinas de Formiga e de Paris. Logo, a voz narrativa discorre sobre suas experiências de um estudante imigrante em terras europeias, bem como sobre sua passagem nos Estados Unidos, ao lecionar na University of Texas. No que tange ao enfrentamento desses emaranhados narrativos, partiremos da noção de hibridismo, segundo Krysinski (2012), e sob a ótica do próprio Silviano Santiago (2008; 2019), sobretudo no que diz respeito às relações entre as grafias-de-vida e a escrita ensaística. Para tanto, nos apoiaremos nos estudos de Philippe Lejeune (2008); Serge Doubrovsky (1977; 2011); Foucault (1992); Elizabeth Duque-Estrada (2009); Wander Melo Miranda (2009); Evando Nascimento (2021); Leyla Perrone-Moisés (2016); Eurídice Figueiredo (2022; 2023); Matheus de Lima (2023); Leoné Astride Barzotto (2023), entre outros. Por fim, as grafias-de-vida nas obras de Silviano Santiago resultam em uma narrativa que transgride as estruturas do romance, que expande suas fronteiras e o torna inespecífico.