A autobiografia do ex-escravizado Mahommah Gardo Baquaqua : vozes e dialogismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Jesus, Marcos Túlio Pereira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Goiás
UEG ::Coordenação de Mestrado Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias
Brasil
UEG
Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias (PPG-IELT)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/1086
Resumo: O presente trabalho é o relato de pesquisa e análise da obra Biografia de Mahommah Gardo Baquaaqua: um nativo de Zoogoo, no interior da África, história de um jovem africano que foi capturado e escravizado, sendo levado a força para o continente americano em meados do século XIX, passando pelo Brasil, Estados Unidos, Haiti, Canadá e por último, Inglaterra. Por meio dessa análise investigamos a situação da população negra nos dias de hoje, principalmente no Brasil. O estudo se baseou numa análise bibliográfica, centrado no campo dos Estudos da Linguagem, mais propriamente no âmbito dos Estudos de Discurso em perspectiva crítica. Para a realização dessa pesquisa, utilizamos os conceitos bakhtinianos sobre dialogismo, polifonia e vozes, por meio dos quais traçamos um paralelo entre os discursos presentes na obra no contexto do século XIX, com os discursos correntes na atualidade. Assim, identificamos que os discursos escravagistas que circularam na sociedade da época e que duraram mais de três séculos, ainda têm circulado, de maneiras diferentes, na sociedade nos dias de hoje. Por meio da análise da obra e desses conceitos bakhtinianos, encontramos ecos do passado que ainda teimam em reverberar na atualidade. Porém, acima de tudo, identificamos na narrativa uma grande resistência por parte de Baquaqua, que fez uso de várias estratégias para sua sobrevivência, no período em que passou como escravizado. Como resultado, nossa investigação nos levou a concluir que a população negra brasileira, descendente de um povo que foi escravizado por mais de três séculos, assim como o protagonista da obra, tem buscado se mostrar resiliente, resistindo, numa luta diária, por seus direitos, em uma sociedade que ainda carrega traços escravagistas. Constatamos, por meio da análise, que as pessoas negras brasileiras têm procurado não se deixar calar em uma sociedade pautada em um racismo estrutural.