Surdos brasileiros escrevendo em inglês: uma experiência com o ensino comunicativo de línguas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Sousa, Aline Nunes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=51459
Resumo: Partindo do princípio de que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a primeira língua da maioria dos surdos dos centros urbanos do Brasil e de que o português é a sua segunda língua, ou seja, numa perspectiva bilíngue, este trabalho pretende analisar o desenvolvimento da escrita de surdos de Fortaleza em uma terceira língua (L3), o inglês, quando expostos ao Ensino Comunicativo de Línguas (ECL). As perguntas que nortearam esta pesquisa foram as seguintes: (1) Qual o papel da LIBRAS na escrita de surdos, em inglês, produto do ECL?; (2) Qual o papel da língua portuguesa nessa escrita?; (3) O ECL é uma abordagem eficaz para o aprendizado da escrita em inglês por surdos? Para responder a esses questionamentos, foi elaborado e aplicado um minicurso de língua inglesa, cuja abordagem foi o ECL, com duração de 120 h/a, no Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS), em Fortaleza. Este trabalho foi desenvolvido por meio de um estudo de caso, do tipo pesquisação. Participaram nove pessoas surdas que haviam concluído ou que estavam concluindo o ensino médio. Os instrumentos de coleta utilizados foram: um questionário de sondagem, um questionário de avaliação, uma avaliação em LIBRAS, três atividades de produção escrita e notas de campo para registro ao longo das aulas. A análise dos textos escritos indicou que a LIBRAS foi usada pelos sujeitos para substituir estruturas desconhecidas em língua inglesa – estratégia de comunicação conhecida por transferência interlinguística. A língua portuguesa, por sua vez, também foi usada com essa função, além de ter servido para os estudantes substituírem os vocábulos que desconheciam em inglês, por meio das estratégias mudança de código e criação de vocábulos. A LIBRAS e a língua portuguesa, portanto, parecem ter sido utilizadas com o papel de suprir a falta de conhecimento na língua-alvo, dando continuidade ao texto na L3. A análise do corpus como um todo aponta que os aprendizes tiveram benefícios ao final do curso, não só em termos de aprendizado da língua inglesa, mas também com relação à mudança de postura dos sujeitos diante do ato de escrever e ao aumento da motivação para o estudo do inglês. Além disso, o curso parece ter estimulado o uso de estratégias de comunicação pelos estudantes, fazendo com que desenvolvessem mais ainda sua competência comunicativa – a qual envolve a competência estratégica. Deste modo, o ECL, aliado à perspectiva bilíngue de educação de surdos, parece ter sido uma abordagem benéfica ao aprendizado da escrita em inglês por surdos. Palavras-chave: Educação de surdos. Bilinguismo. Escrita em L3. Ensino Comunicativo de Línguas. LIBRAS.