Grupo de mulheres com queixas difusas em um Centro de Atenção Psicossocial: estudo nas representações sociais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Figueiredo, Maria da Conceição Pacheco de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=59767
Resumo: O sofrimento psíquico em mulheres tem sua relevância no contexto dos centros de atenção psicossocial (CAPS). Objetivou-se apreender as representações sociais das mulheres acerca do sofrimento psíquico, participação em grupos de queixas difusas no CAPS e uso de medicamentos. O estudo teve como eixo a Teoria das Representações Sociais e uso de multimétodos, sua natureza é qualitativa, mas apresenta uma etapa quantitativa. O campo de investigação foi o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Aquiraz, Ceará. A amostra contou com a participação de cem mulheres e os critérios de inclusão foram aceitar fazer parte da pesquisa, ser do sexo feminino, apresentar algum tipo de sintoma referente a sofrimento psíquico, estar participando ou já ter participado de terapia de grupo no CAPS, fazendo ou não uso de medicação controlada. Em primeiro lugar, utilizou-se o Teste de Associação Livre de Palavras com os estímulos indutores – mulher, sofrimento, medicamento, terapia de grupo, família e tratamento médico – antecedido de um questionário para obter o perfil biodemográfico das mulheres. No segundo momento, foi aplicada a entrevista semiestruturada em dez participantes tomadas aleatoriamente com a pergunta inicial: “Por que você procurou o CAPS?” As palavras evocadas no TALP foram processadas pelo software Tri-Deux-Mots, sendo submetidas à Análise Fatorial de Correspondência. As narrativas originárias das entrevistas foram analisadas pela técnica de análise de conteúdo do tipo categorial, a qual em seguida foi reorganizada em forma de temática. As representações apreendidas foram organizadas em três temas: Sintoma – um labirinto com múltiplas saídas (tema 1) – categorias – tristeza e choro, duas faces do sofrimento; pensamentos negativos; males da ausência do diálogo. A descoberta do CAPS (tema 2) – categorias: trajetória para o atendimento; concepção de CAPS. Mudança na concepção de modelo de tratamento (tema 3) – categorias: grupo – porta para a saúde mental; tratamento medicamentoso; dificuldades da não participação no grupo. Como considerações gerais do estudo, tem-se que as mulheres que necessitam de cuidados médicos em serviços de saúde que sejam especificamente relativos à saúde mental produzem a construção da representação social do CAPS, configurada na forma de preconceitos. A significação do CAPS como novo lugar de prestação de serviços às pessoas portadoras de transtornos psiquiátricos incorporou o antigo sentido atribuído ao hospital psiquiátrico como “lugar de doido/louco”. Entrar no CAPS significa formar condutas defensivas ao “lugar de doido” pela orientação na comunicação do senso comum. O destino é controlado pelo diagnóstico médico e medicamentos controlados. Entrar e participar da terapia de grupo, no entanto, é formar conduta de ser social, útil, com determinação e controle do próprio destino. A liberdade de ir e vir ao grupo é desprovida de controle, exceto de escolha do seu destino ou porvir. Assim, terapia de grupo surge como função na formação de conduta de ser social, singular, humano como todo ser. A terapia de grupo no mesmo espaço do CAPS consegue ressignificar o que popularmente é designado como loucura, o que passa a ser reconhecido como sofrimento e dor, sensações comuns a todo mortal humano. Palavras-chave: Representações sociais. Saúde mental. Diálogo.