Dádiva e mandonismo: os médicos na política em Barreira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Torres, Monalisa Lima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=75402
Resumo: O escopo dessa pesquisa foi refletir acerca das relações de poder em Barreira a partir da interação entre candidato e eleitor. Para tanto, descreveu-se a história do município, constituída por ciclos de domínio de facções delimitados por rupturas no modelo de legitimação e (re)produção do poder político, o que permitiu a apreensão da complexidade da sociedade barreirense e de sua dinâmica cultural e política. Não obstante os fluxos e refluxos desse fazer político, muitos dos aspectos da chamada política tradicional se mantiveram ou se incorporaram de modo dialético ao modelo da “moderna política”. Dentre eles, destaco o caráter pessoal das relações entre candidatos e eleitores fundados na lógica de dons e contradons. Desse modo, o voto é percebido, sobretudo, como um meio para amortizar uma dívida, o que possibilitou entender a continuidade de práticas políticas que se denominam na literatura de assistencialistas e clientelistas. Nesse quadro, emergiu a figura do “doutor-prefeito” e como, a partir de suas atividades profissionais num contexto social em que prevalecem a economia e uma moral do dom, foi possível a acumulação de considerável capital simbólico. Paralelo a isso, a ideia de bom homem, caridoso, de notável capacidade intelectual, simbolizando a modernidade, a mudança e o progresso, os transformaram em líderes carismáticos e lhes proporcionaram a conversão de vários tipos de capital em recursos político-eleitoral, lhes garantindo altos índices de votação nas disputas ao executivo local. Esses médicos adotaram uma imagem que simboliza o “novo” e realizado ações administrativas de caráter racional, ao assumirem suas funções públicas fizeram amplo uso de práticas tradicionais, em outros termos, formas assistencialistas e clientelistas de reprodução do poder, caracterizando um tipo de mandonismo fundado tanto em relações pessoais quanto em práticas racional-burocráticas. No que se refere à sua projeção face a outras lideranças no município, tal como os Reis Taumaturgos de Bloch, foi crucial o binômio poder político-poder curativo. Ou seja, tão decisivo quanto ser prefeito e possuir a capacidade de distribuir favores através da utilização de recursos públicos era deter o poder de cura, o poder de vida e morte. Esta pesquisa permitiu a apreensão da política como uma relação de troca para além da perspectiva do simples câmbio de favores, na medida em que o relacionamento candidato-eleitor e as práticas que engendra só são aceitáveis em um modelo de organização societário que tem como fundamento o sistema de dádivas e contradádivas, ora os regulando, ora os legitimando, ora os reproduzindo. Palavras-chave: Dádiva. Mandonismo. Médicos. Política Local. Barreira.