Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Queiroz, Andrezza Alves |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso embargado |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual do Ceará
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=97627
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Resumo: |
Nesta pesquisa, por meio da interface teórica entre Filologia Textual e Linguística Textual, temos o objetivo de revisitar o conflito narrado em documentos do século XVIII a partir da recategorização identitária do padre João de Matos Serra e do juiz ordinário Zacarias Vital Pereira. Especificamente, investigamos quais marcas linguísticas permitem o acesso ao contexto histórico, político e social em que padre João de Matos Serra e o juiz ordinário Zacarias Vital Pereira estão imersos; analisamos como o ponto de vista dos vários discursos (petições, requerimentos e depoimentos) interfere na recategorização identitária do padre João de Matos Serra e do juiz ordinário Zacarias Vital Pereira; e quais as mudanças intra e intertextuais que ocorrem na recategorização dos personagens protagonistas. Para realizarmos este estudo, em relação ao campo da Filologia, com ênfase na Filologia Textual, consideramos a caracterização atual de Filologia, os principais tipos de edição de textos e as novas trilhas dos estudos filológicos (CAMBRAIA, 2005; BORGES; SOUZA, 2012; CAMBRAIA, 2012). No que respeita à Linguística Textual, contamos com os conceitos de texto como evento, contexto sob uma perspectiva antropológica e leitura como processo complexo (BEAUGRANDE, 1997; HANKS, 2008; PELLANDA, 2005), além de considerarmos o processo de recategorização identitária para a compreensão do texto colonial (MONDADA; DUBOIS, 2003; MARCUSCHI, 2007; HALL, 2014). Assumindo uma postura metodológica dialética, procedemos inicialmente à organização do corpus em um apêndice, composto pela sequência cronológica dos onze documentos do período colonial cearense, retirados do tomo II do primeiro volume da coletânea Memória Colonial do Ceará, dentre os quais analisamos 20 passagens que julgamos mais pertinentes para tratar do conflito ocorrido entre o padre João de Matos e o juiz ordinário Zacarias Vital acerca da mudança da vila de São José de Ribamar para o sítio dos Aquiraz. A análise está dividida em três partes: na primeira, apresentamos a contextualização histórica do Ceará, desde a colonização até a formação das vilas; na segunda, examinamos 12 trechos dos documentos que tratam da insatisfação com a situação a que foi submetido o juiz ordinário; e, na terceira, investigamos 8 trechos dos documentos que narram os pretensos desmandos cometidos pelo padre. Os resultados dessa análise demonstraram que o juiz ordinário foi posto tanto na posição de culpado por um crime quanto na posição de vítima dando força à ideia de que as representações [ou as identidades] não são somente projeções elaboradas individualmente, mas experienciadas social e discursivamente. Já o padre João de Matos, ao ser identificado como um sujeito conivente com a desobediência ao preceito quaresmal, tem sua imagem afetada negativamente, mas também atinge a imagem dos fiéis, uma vez que estes, sem a obrigação de tal preceito, possivelmente, teriam suas imagens desfeitas diante de uma sociedade que respeitava as práticas religiosas. Além disso, demonstramos que houve a atualização dos textos coloniais quando tratamos da impossibilidade da condução coercitiva de réu ou investigado para interrogatório declarada pelo Superior Tribunal Federal (STF) e das discussões acerca do processo de miscigenação no Brasil e do racismo contra negros e indígenas resultante desse processo. |