O ciberespaço: palavra, norma e liberdade - caracterologia do ciberespaço a partir da idéia de inteligência coletiva em Pierre Lévy

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Bernal, Cesar Colera
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=59985
Resumo: O objeto desta investigação é o estudo do ciberespaço em perspectiva simultaneamente clássica – pois assentada em fundamentos ontológicos e antropológicos e pela atribuição ao homem dos caracteres essenciais de racionalidade, sociabilidade e liberdade – e atual – pois realizada desde a adesão aos princípios da complexidade e ao diálogo transdisciplinar, essenciais para a quebra da cegadora dicotomia entre mundo humano e tecnologia. As teses do filósofo francês Pierre Lévy guiaram, embora não exclusivamente, nossa especulação e nossas conclusões. O primeiro capítulo, aporética atual, olhou para o contexto histórico-sociológico contemporâneo, constatando-o radical e qualitativamente distinto de todos os parâmetros pelos que se definia apenas algumas décadas antes. Identificamos a causa profunda dessa transformação na revolução que viveram as tecno-ciências nesse período, e que deu lugar a um movimento acelerado de virtualização de todas as áreas de atividade humanas. A conclusão foi a extensa incapacidade da filosofia de compreender o novo contexto social, político e cultural, pois (1) fatalmente impregnada desde suas origens por um declarado desprezo pela atividade técnico-produtiva, e (2) paralisada em sua reflexão pelo fisicalismo próprio das primeiras análises filosóficas do fenômeno da Revolução Industrial. Posto que os desenvolvimentos futuros desse processo de virtualização são, por essência, indefinidos e abertos, é de todo urgente – para a filosofia e para o mundo contemporâneo – a reconciliação da filosofia com a técnica, especialmente com as tecnologias de informação e comunicação, origem de todas as mudanças havidas e das possibilidades futuras – potencialmente positivas ao mesmo tempo que perigosamente negativas. No segundo capítulo, “Eidética interdisciplinar”, alcançamos quatro ordens de resultados: desde uma perspectiva histórico-antropológica, pudemos concluir que as logotecnologias são as mais autênticas e emblemáticas tecnologias do espírito. Mediante o enfoque histórico, constatamos que a história das infotecnologias é a mais significativa história do homem. O ponto de vista técnico nos deparou com a paradoxal constatação de que a rede mundial de computadores é o recorte do real que mais plenamente realiza a essência do próprio homem; ou seja, a sua fala – o seu espírito. Finalmente, em clave metafórica ou simbólica, tentamos aceder ao ser autêntico do ciberespaço mediante as imagens de cidade, mar interior e sistema nervoso. Em conjunto, nos mostraram que o ciberespaço, ao ser capaz de produzir os instrumentos, não só para sua própria metamorfose enquanto real-virtual, como para a reforma do físicoreal, está destinado a reinventar, em pauta libertária, a ciência da gobernação. O terceiro capítulo teve como objeto a categorização empírica da tecnologia em sua configuração histórica atual. Ressaltaram neste enfoque o caráter desterritorializado, que evidencia o ciberespaço como “não-lugar”; o caráter multimídia e o de autonomia em relação ao físico, que aprofundam sua natureza virtual, e o de interligação densa, que dilui a distinção entre as noções de coisa e pessoa. O quarto e último capítulo, ou momento tético, retoma a definição clássica de pessoa como razão, sociabilidade e liberdade e funde estas características com as do ciberespaço, concluindo ser esta a derradeira lego-logotecnologia para a edificação de uma sociedade livre. Palavras-chave: Tecnologia. Internet. Liberdade. Democracia. Pessoa.