Família e poder: a construção do estado no noroeste cearense do século XIX (1830-1900)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Araújo, Raimundo Alves de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=69722
Resumo: Antes da afirmação de Fortaleza enquanto pólo disciplinar de poder político-burocrático do Estado/Província, as regiões e os moradores dos espaços distantes da capital conheceram uma ordem e uma “lei” cuja fonte principal era a autoridade arbitrada pela família parental prepotente. A região noroeste do Ceará – entre a Serra da Ibiapaba, estendendo-se por quase toda a bacia do rio Acaraú e pelo sertão dos Inhamuns – conhecia uma ordem social costurada através das alianças baseadas no compadrio e no parentesco. A criação da Assembléia Provincial (1835), a montagem de uma polícia independente da cabroeira familiar, assim como a distribuição de comarcas e municípios pelos interiores, num processo que se arrastaria por mais de meio século, ajudou a montar uma estrutura burocrática central cujo propósito maior seria o de submeter os interiores provinciais ao pólo central de poder, impondo-lhes outra estrutura de personalidade e outro padrão de civilidade. À medida que a burocracia pública ia se especializando – com juízes de direito, promotores públicos e policiais profissionais – o Estado/Província ia se distinguindo da família portentosa, e os arroubos de fúria e de violência comuns ao justiçamento privado iam perdendo espaço para a ação impersonal dos burocratas leais ao centro. Privilegiamos as alianças e os atores sociais que estiveram inseridos na região noroeste da província, principalmente nos municípios de Ipu e Sobral, onde os Paula Pessoa, os Pompeu Brasil, os Félix Sousa, dentre outros grupos familiares locais, souberam se adaptar aos “novos tempos”, infiltrando-se na burocracia e controlando a política local/regional. Ao fim da monarquia e no alvorecer da república, a ação do judiciário municipal, da intendência, da promotoria pública, da câmara de vereadores e das polícias profissionais já havia ocupado grande parte do espaço social antes preenchido pela parentela tradicional prepotente. Isso representou o avanço da “rua” sobre a fazenda, da cidade sobre a caatinga, e da civilização urbana sobre a “barbárie” dos costumes da região. Palavras Chaves: Família, Poder, Estado, Costumes, Sertão.