“PARA ALÉM DOS MERCADOS”:UMA PESQUISA INTERSUBJETIVISTA SOBRE O CONSUMO COLABORATIVO

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: SOUSA, FELIPE GERHARD PAULA
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=91492
Resumo: Pressupostos associados ao pensamento utilitário têm assumido a centralidade na explicação das relações sociais em seus mais diversos contextos, desde o consumo dos itens mais básicos às sofisticadas estruturas político-econômicas. Entretanto, a disparidade entre as nuances presentes em nossas vidas sociais e o que as teorias econômicas tradicionais reconhecem justifica a emergência de perspectivas teóricas e onto-epistemológicas alternativas. Nesse sentido, este trabalho se lança à investigação de práticas compreendidas tanto pelo consumo colaborativo quanto, de forma mais ampla, pela economia do compartilhamento por meio de uma perspectiva intersubjetiva. Assim, diferentes arranjos econômicos e fenômenos sociomercadológicos foram explorados, buscando-se captar os sentidos, conceitos, práticas e protótipos associados a tais modelos socioeconômicos por meio de quatro estudos – dois ensaios teóricos e dois de cunho teórico-empírico. Os procedimentos metodológicos da pesquisa se embasaram em uma abordagem intersubjetivista que consolidou três dimensões: i) onto-epistemológica – socioconstrutivismo; ii) metodológica – método abdutivo e etnografia multissituada, e; iii) teórica – antiutilitarismo nas ciências sociais. Por mais de um ano, experiências intensivas em plataformas de compartilhamento foram realizadas em cidades brasileiras e canadenses. Ao todo, foram coletadas 16 horas de gravações e 267 páginas em espaçamento simples por meio de notas de campo e transcrições de entrevistas não-estruturadas em profundidade. Os achados reforçam a perspectiva antiutilitarista Maussiana ao contestar a existência de um mercado ou economia natural, demonstrando a possibilidade de desenvolvimento, mesmo em um mercado capitalista, de perspectivas socioeconômicas distintas. Economias de mercado, economias plurais ou híbridas coexistem com outras formas de organização socioeconômicas, as quais se estabelecem por meio de suas próprias lógicas. A intersubjetividade presente nas relações sociais, nas suas dimensões econômicas, materiais, jurídicas ou simbólicas, impossibilitam a formação de mercados regidos por princípios puramente utilitários. Nesse sentido, práticas não capitalizáveis, que renunciam à necessidade de contratos formais ou que prescindem de uma racionalidade utilitária para operar são encontradas em diversos modelos socioeconômicos, inclusive dentro dos próprios mercados capitalistas. Para além dos mercados, elas são capazes de ajudar na formação de estruturas socioeconômicas que pareciam esquecidas, denominadas de economias do dom.<br/>Palavras-chave: Consumo colaborativo. Intersubjetivismo. Mercados. Antiutilitarismo.<br/>ABSTRACT