Variação na concordância verbal de 3ª pessoa do plural nos falares culto e popular de Fortaleza: um estudo variacionista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pereira, Maria Lidiane De Sousa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=100839
Resumo: Nesta tese, investigamos o comportamento variável da concordância verbal (CV) com a 3ª pessoa do plural (3pp), em amostras das variedades culta e popular faladas em Fortaleza-CE, à luz da Sociolinguística variacionista. A partir disso, objetivamos, especificamente: (i) analisar quais variáveis linguísticas e extralinguísticas condicionam a variação na CV com a 3pp, em amostra de fala culta fortalezense; (ii) investigar o conjunto de variáveis linguísticas e extralinguísticas que condiciona o comportamento variável da CV com a 3pp, em amostra de fala popular de Fortaleza; (iii) Comparar, na medida do possível, os resultados obtidos para as amostras de fala culta e popular, a fim de verificar de que maneiras o fenômeno variável investigado aproxima e/ou distancia os falares culto e popular da capital cearense. Para tanto, selecionamos duas amostras de linguagem falada. A primeira é representativa da variedade culta falada em Fortaleza, composta por 34 informantes com ensino superior completo e oriundos do banco de dados do Projeto Português Oral Culto de Fortaleza (PORCUFORT). A segunda amostra analisada é representativa da variedade popular falada na capital cearense, composta por 35 informantes com 0-4 anos de escolaridade, disponíveis no acervo sonoro do Projeto Norma Oral Popular de Fortaleza (NORPOFOR). Com o auxílio do GoldVarb X, analisamos os dados coletados para ambas as amostras e verificamos o quantum com que cada fator postulado condiciona de modo favorável ou não a realização da variante com marcas de CV na 3pp. Em relação aos dados da variedade culta, trabalhamos com 1.421 ocorrências do fenômeno investigado. Desse total, 23,5% dos casos correspondem à variante sem marcas formais de CV na 3pp, enquanto 76,5% compreendem a variante com marcas de CV na 3pp. Além disso, constatamos que a variação na CV com a 3pp, em amostra de fala culta, é beneficiada por variáveis linguísticas (Saliência fônica; Paralelismo formal no nível discursivo (marcas no verbo) Presença ou ausência do que relativo entre verbo e sujeito e Paralelismo formal no nível oracional), bem como por variáveis extralinguísticas (Tipo de inquérito e Faixa etária). No que concerne à amostra de fala popular, localizamos 1.153 casos de variação na CV com a 3pp. Desse total, 57,9% dos casos são da variante com marcas de CV e 42,1% correspondem à variante sem marcas de CV. De igual modo, verificamos que para o fenômeno, em amostra de fala popular, são pertinentes variáveis exclusivamente linguísticas (Saliência fônica; Posição e distância entre SN/sujeito e verbo; Paralelismo formal no nível discursivo (marcas no verbo) e Traço semântico do sujeito. Sobre o terceiro e último objetivo deste trabalho, descobrimos que a variação na CV com a 3pp apresenta pontos que distanciam e aproximam as amostras de fala culta e popular analisadas. A partir desses resultados, concluímos que, tanto em amostra de variedade culta como popular faladas na capital cearense, a CV na 3pp é um fenômeno variável perfeitamente condicionado por uma série de fatores internos e externos ao sistema e compreende significativos pontos de aproximação e distanciamento entre as duas variedades de fala analisadas nesta tese.