De burra preta a Raimundo: Itinerário de uma história soterrada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Moraes, Lucas Vidal Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=113079
Resumo: O racismo é uma violência histórica, econômica e política e alicerça as principais desigualdades de oportunidade e, até mesmo, de sobrevivência nas sociedades coloniais contemporâneas. Diversos são os estudos que trabalham essas questões, apontando dados objetivos que são amplamente conhecidos pela comunidade acadêmica. Entretanto, e os aspectos subjetivos-institucionais do racismo? De que forma podemos refletir sobre nossa consciência, memória e história quando se trata de população negra? De que forma se constitui a relação entre consciência e memória sobre os corpos negros em contextos patriarcais? Dito isso, escolhi como tema de estudo a pesquisa sobre a trajetória de Raimundo, conhecido como “Burra Preta”, tendo como objetivo principal compreender como se constitui a relação entre corpo negro e o pensamento colonial na fundamentação das narrativas sobre esses corpos. Outros objetivos da investigação são: levantar informações da história de “Burra Preta” e refletir sobre a suas interfaces com mecanismos de naturalização do racismo em Fortaleza. É partindo do princípio da ancestralidade como uma postura epistêmica, me debruço sobre a história de Raimundo, por meio da oralidade como fonte principal de dados, para discutir dois elementos: a memória que se tem de Raimundo e sua experiência da perda de imagem. Metodologicamente, trabalhei a partir de três percursos: a) Pesquisa documental; b) Narrativas e percepções; c) Itinerário de uma história soterrada. Cada percurso tem caminhos específicos e objetivos que dão conta de informações importantes para a investigação da história de Raimundo Preta. A pesquisa documental trouxe subsídios para uma percepção no âmbito da história oficial. O segundo percurso, teve como objetivo trabalhar com os relatos de pessoas que já se encontraram com Raimundo em seu percurso pela Praça do Ferreira, no centro da cidade de Fortaleza, Ceará. Por fim, e não menos importante, Itinerário de uma história soterrada, faço uma provocação metodológica, utilizando do diálogo entre Sociologia e Artes Visuais, partindo da linguagem da Performance para gerar afetação e construir uma narrativa visual partindo da interação com o público da Praça do Ferreira, simulando um itinerário para a interação desse corpo, com o espaço e o caminho que ele fazia fala por si. A hipótese confirmada a partir deste trabalho, é que o racismo como uma violência sistêmica, apoia-se em mecanismos subjetivos e institucionais que se expressam pela escrita e pela imagem para naturalizar uma visão animalizadora do corpo negro, transcrita do ponto de vista do branco (colonizador).