O comunismo imaginário : praticas discursivas da imprensa sobre o PCB (1922-1989)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1996
Autor(a) principal: Mariani, Bethania Sampaio Correa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=103860
Resumo: <span style="background-color: rgb(255, 255, 255);"><font color="#333333" face="Helvetica Neue, Helvetica, Arial, sans-serif"><span style="font-size: 14px;">Esta pesquisa, filiada ao domínio teórico da escola francesa de Análise do Discurso, tem como objetivo especifico de estudo a análise do funcionamento do discurso jornalístico&nbsp;político que, no Rio de Janeiro, foi se constituindo sobre o Partido Comunista Brasileiro (PCB) desde março de 1922, data de sua fundação. até 1989, ano da primeira eleição direta para presidente da República após o fim da ditadura militar. O corpus discursivo constitui-se de notícias sobre o PCB publicadas em diferentes períodos históricos. nos seguintes jornais: O Pais, Correio da Manhã, Diário Carioca. O Globo, Jornal do Brasil e O Dia. Duas hipóteses nortearam a abordagem desenvolvida pela análise: 1- no modo como o PCB é falado pelo discurso jornalístico-politico já se encontra uma interpretação, cuja determinação é dada, ideologicamente, por uma memória já constituída sobre o sujeito ocidental e sobre uma concepção de ética-moral dos direitos humanos; 2- tendo em vista a concepção de sujeito constitutiva do imaginário ocidental, o discurso jornalístico&nbsp;institui o PCB no lugar do outro enquanto um Mal, ie, um inimigo da sociedade brasileira. Na análise, foram descritas e analisadas as seguintes marcas linguísticas&nbsp;específicas: as denominações, os enunciados definitórios&nbsp;e o discurso relatado. Para além de tais marcas, foram analisados também dois aspectos específicos da prática discursiva jornalística: as matérias assinadas e as narrativas presentes nas reportagens. Em todo o processo de análise, considerou-se a dinâmica da interferência&nbsp;da memória no domínio da atualidade enquanto reorganização das filiações de sentidos bem como sua intervenção na atualidade enquanto antecipação. A análise permitiu verificar que o discurso jornalístico-político sobre o PCB atende à disjunção Bem / Mal, construída em torno da moralidade ocidental-cristã, separando em dois campos antagônicos os sentidos possíveis, ie, aqueles permitidos pelo dispositivo ideológico desta ética-moral, e os sentidos indesejáveis, ou seja, aqueles que marcam uma diferença relativamente a esta moralidade. O discurso jornalístico que se organiza no Rio de Janeiro sobre os comunistas desde 1922, portanto, ao mesmo tempo em que nega o pensamento comunista, o outro, inserindo-o no campo do Outro, inimigo dos valores ocidentais, reafirma uma identidade brasileira, filiando-a ao imaginário ocidental cristão. A negação do PCB está. deste modo. correlacionada à confirmação do modelo ocidental.</span></font></span>