Comportamento do transporte eólico de areias em diferentes superfícies costeiras no litoral de Cruz, Ceará, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pinheiro, Matheus Silveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=109289
Resumo: O transporte eólico de areias pode ter grandes impactos ambientais e sociais. Por isso, sua determinação beneficia a compreensão da formação, manutenção e desenvolvimento de subsistemas costeiros. Transformações nesses subsistemas que compõe a dinâmica praia-superfície de deflação-duna podem ocasionar instabilidades no comportamento do transporte eólico alterando processos físicos complexos. Desse modo, o presente estudo tem por objetivo compreender como ocorre a dinâmica do transporte eólico de areias em diferentes superfícies no litoral de Cruz-CE, Nordeste do Brasil. Trata-se de um estudo de caráter experimental, em que foram realizadas 7 campanhas de campo entre os meses de fevereiro/2019 e julho/2020, compreendendo, assim, a sazonalidade climática da região. Nas campanhas de campo foram aferidos os seguintes parâmetros referentes as superfícies costeiras – morfologia e sedimentologia. Na determinação das variações morfológicas, foi utilizado o método clássico de perfis topográficos transversais à praia, realizado em diferentes zonas das superfícies compreendidas entre à praia e a base da duna costeira. Na caracterização sedimentar superficial, foram coletadas amostras em diferentes zonas e processadas em laboratório através da granulometria por peneiramento mecânico. Na determinação das taxas de transporte eólico de areias, foram instaladas 9 armadilhas verticais de coleta de areias – sendo, três na superfície alta da praia, quatro na superfície de deflação ativa e duas na superfície de deflação estabilizada por vegetação. Em todos os campos, as armadilhas funcionaram de 07h da manhã até às 17h da tarde, totalizando 10h de experimento por campanha. O material aprisionado nas armadilhas foi levado para laboratório, onde foi pesado passando por peneiramento mecânico das frações de areia. Por último, mas não menos importante, foi instalada uma base de registro de dados anemométricos (intensidade e direção dos ventos) e climatológicos (temperatura e umidade do ar) na própria zona dos experimentos. Alguns outros registros climatológicos e oceanográficos foram realizados em base de dados secundária. Os resultados indicam uma forte tendência de transporte eólico de areias associado com a sazonalidade climática regional. O transporte foi mais intenso nos meses do período de estiagem (set/19, out/19, nov/19 e dez/19), enquanto nos meses correspondentes a quadra chuvosa, o transporte foi nulo ou muito baixo. Também foi possível observar que o sedimento aprisionado nas armadilhas é preponderantemente formado por areis média (grãos entre 0,42 a 2 mm). A velocidade mínima constante para um transporte efetivo foi de 7 m/s, com direção leste, gerando aprisionamento de areias. As superfícies mais ativas, foram a praia e a deflação ativa. Na superfície de deflação estabilizada, a cobertura vegetal funciona como rugosidade que impede, quase que por completo, o transporte eólico de areias. A metodologia empregada foi consistente, permitindo ampliar a discussão sobre o papel das superfícies costeiras e o seu uso pela sociedade, especialmente em regiões em que o turismo desenfreado coloca a estabilidade dos subsistemas costeiros à prova.