Constituição da identidade profissional de professores de Matemática sob a ótica dos formadores

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Melo, Carlos Ian Bezerra De
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso embargado
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
• Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=99845

As discussões no campo da Educação nos últimos anos foram marcadas pela ampliação do conceito de formação de professores. Se antes considerava-se suficiente possuir certo conhecimento para ensiná-lo, hoje discute-se, para além do trabalho em torno dos saberes relativos à docência, a formação subjetiva do professor, isto é, a mobilização de aspectos pessoais nos processos formativos, ou, em síntese, a mobilização de sua identidade profissional docente (IPD). O conceito de IPD tem ganhado destaque no âmbito da formação, pois representa a imersão do sujeito e de sua identidade nos processos de aprendizagem e vivência da docência (o ser/estar na profissão), reunindo elementos internos e externos, pessoais e coletivos, objetivos e subjetivos. Entende-se, assim, que a formação inicial do professor cumpre papel essencial na (re)constituição identitária, através de seus contextos formativos e, especialmente, de seus sujeitos, dentre os quais destaca-se, para efeito desta análise, o formador. Por ser agente na formação de novos docentes, o professor formador assume função importante nos processos de elaboração e mobilização das IPD dos licenciandos, através de manifestações da própria identidade nas ações formativas. Tais debates, todavia, encontram resistência em alguns cursos de licenciatura que ainda carregam traços da tradição bacharelesca, como é o caso, por exemplo, da licenciatura em Matemática. Nesse sentido, visando adentrar nas discussões sobre IPD na formação do professor dessa área do conhecimento e ampliá-las, esta pesquisa teve por objetivo compreender como os formadores do curso de licenciatura em Matemática percebem os processos identitários do professor. Na esteira desse propósito, objetivou-se, ainda, identificar como os formadores percebem a própria constituição identitária e como essas percepções são, sob suas óticas, expressas e mobilizadas nas práticas formativas. Adotou como categorias centrais de discussão identidade e formação, e, assumindo como fundamentação metodológica o paradigma do materialismo histórico-dialético e a abordagem qualitativa, realizou entrevistas com professores formadores do Curso de Licenciatura em Matemática do Centro de Ciências e Tecnologias da Universidade Estadual do Ceará (CCT/UECE) sobre suas histórias de vidas, constituições profissionais e práticas docentes. Valendo-se das técnicas da Análise Textual Discursiva (ATD), observou-se que, segundo as percepções dos participantes: (i) a IPD dos formadores foi influenciada por aspectos pessoais e familiares, pelos ex-professores e pela relação estabelecida com a Matemática e a Educação Matemática; (ii) a formação do professor de Matemática deve ser ampla, mas é limitada por tendências bacharelescas, que a direcionam conforme a formação/postura adotada pelo formador; (iii) a IPD em Matemática é marcada pelas experiências pessoais, formativas e pela relação com os saberes. Como resultado da investigação depreendeu-se que os formadores, de modo geral, reconhecem os aspectos dinâmicos e contextuais da IPD, identificando elementos que dela fazem parte, como questões pessoais e familiares, a trajetória de vida e formação, e, ainda, sua própria influência enquanto docentes sobre a identidade dos licenciandos; todavia, o encaminhamento dado à formação do professor de Matemática no tocante à mobilização de sua IPD é limitado pelas experiências e formações que possuem os formadores e pela postura adotada ante ao objetivo da licenciatura e às suas concepções de professor de Matemática.