“A dor é passageira. A vitória é infinita.” — Instrumentalização e mutação dos corpos na prática de MMA.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Sena, Claudio Henrique Nunes De
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=100765
Resumo: Este trabalho tem como objeto de pesquisa os corpos, com suas instrumentalizações, suas mutações físicas e mentais, suas transformações em nível social incorporadas pelos atletas de Mixed Martial Arts (MMA) durante a prática desta modalidade esportiva em escala profissional. A pesquisa de cunho socioantropológico foi realizada a partir de metodologias que priorizaram dados qualitativos e, sobretudo, o método da etnografia, pela observação participante, com acompanhamento e integração a uma equipe de MMA na cidade de Fortaleza, Ceará. O aporte teórico desta tese se deu prioritariamente pelo viés da sociologia e da antropologia, expresso pelas obras de autores como Pierre Bourdieu, Loïc Wacquant, Bernard Lahire, David Le Breton, Favred Saad e ampliando terreno por campos científicos relacionados, como filosofia e história. Ademais, a pesquisa ganhou espectro ampliado pelos artigos, resenhas, periódicos e outros dados fundamentais para auxiliar a reflexão sobre o objeto e os procedimentos metodológicos. A análise comparativa e relacional realizada durante período de estágio doutoral na França também compôs o espectro da pesquisa. Observou-se que o MMA e suas equipes permitem a inserção dos sujeitos, sobretudo, por dois vieses: a ressignificação da importância do corpo e a obediência à disciplina pelo seguimento de normas de um grupo social estabelecido. O corpo, antes relegado a segundo plano, recebe atenção, como condição para entrada no grupo e para emancipação de situações indesejadas. A tese da ocorrência de um corpo instrumentalizado e mutável foi comprovada. Esse processo foi identificado a partir da perspectiva de que o indivíduo inserido em um habitus (BOURDIEU, 2006) específico de determinado grupo de praticantes de MMA proporciona ao sujeito que este tenha “uma relação instrumental” com seu corpo, voltado para ação social. O corpo do lutador mudaria constantemente, gerando sociabilidades e reformulando papéis sociais nesse processo, com efeitos em diversas aspectos da vida do atleta. Ao enquadrar e gerir o corpo sob certas normas de conduta, aceitar e reproduzir a disciplina do grupo, adquirindo habitus de lutador, abre-se ao indivíduo a possibilidade de desbanalizar a vida cotidiana (WACQUANT, 2002), com vistas à reconfiguração social e emancipação.