Caracterização química e avaliação, in vitro, in silico e in vivo de atividades biológicas de extratos e constituintes de Ouratea fieldingiana (Gardner) Engl.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Frota, Lucas Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=106829
Resumo: A planta medicinal Ouratea fieldingiana, pertencente à família Ochnaceae, é conhecida popularmente como batiputá, com característica arbórea ou arbustiva. Do fruto desta planta pode ser extraído um óleo que é usado na culinária e na medicina tradicional para o tratamento de distúrbios gástricos, disenteria, e de doenças inflamatórias que resultam nas patogêneses mais prevalentes, como as doenças reumáticas, diabetes, doença de Alzheimer e aterosclerose. O objetivo deste trabalho foi realizar o estudo químico dos extratos de O. fieldingiana e do extrato hidroetanólico das folhas, como também avaliar sua capacidade antioxidante, anticolinesterásica e anti-inflamatória. O óleo fixo dos frutos de O. fieldingiana foi submetido à transmetilação e os principais ácidos graxos identificados por CG-EM foram os ácidos palmítico (24,55%), linoleico (20,02%) e oleico (30,81%). Os dois principais constituintes da fração polar do óleo (FPO) caracterizados em CLAE-DAD, foram a flavona apigenina e seu dímero amentoflavona, essa fração apresentou uma eficiente capacidade antioxidante com concentração inibitória média para inibir 50 % do alvo (CI50) de 5,66 e 4,42 µg mL-1 para os radicas DPPH• e ABTS•+ em relação ao padrão quercetina com CI50 de 1,05 e 0,95 µg mL-1. O extrato hidroetanólico das folhas de O. fieldingiana (EOF) foi analisado por CLAE-DAD revelando a presença dos flavonoides rutina, isoquercitrina, canferol-3-O-rutinosídeo, quercetina, apigenina e amentoflavona. As atividades antioxidantes contra os radicais DPPH• e ABTS•+ desses seis flavonoides apresentaram bons resultados com CI50 de 5,63 a 11,47 µg mL-1 e 2,72 a 23,71 µg mL-1, respectivamente. O ensaio de inibição da acetilcolinesterase apontou a flavona apigenina com melhor atividade entre os compostos testados com CI50 de 3,12 µg mL-1 em comparação ao padrão galantamina CI50 de 1,02 µg mL-1. Nos estudos de modelagem molecular com alvo na inibição da enzima acetilcolinesterase todos os flavonoides exibiram energia de ligação maior que a do padrão de galantamina, mas apenas a apigenina apresentou forte interação com o sítio ativo da enzima, os outros provavelmente se ligaram a diferentes centros alostéricos. As propriedades antirradicais do composto majoritário das folhas de O. fieldingiana, a Amentoflavona, também foi estudada in silico através de diversos mecanismos HAT, SET-PT e SPLET via DFT. Verificou-se que no mecanismo de HAT foi obtida a melhor tendência como mecanismo anti-radical, sendo o sitio OH-4 o mais favorecido com essa atividade. O EOF foi avaliado no tratamento de inflamações aguda provocada pela carragenina. No edema de pata houve uma eficaz diminuição da atividade inflamatória, na concentração de 10 mg/kg, o efeito anti-inflamatório do EOF teve seus efeitos totalmente alcançados na quarta hora (62,5 ± 12,64 vs. 133,75 ± 11,48 μL da carragenina), reduzindo o edema em ate 38% na fase inicial (0 - 2 h) e até 45% na segunda fase da inflamação (2 - 4 h). O EOF também aumentou os níveis de GHS e catalase (20% e 50% respectivamente) que são marcadores antioxidantes e diminuiu a atividade de MPO e MDA (36% e 76% respectivamente) que são espécies oxidantes. Os achados nesse estudo comprovam o potencial que a planta O. fieldingiana possui frente a diversas atividades, sendo seu composto majoritário, a amentoflavona, um alvo importante para novos testes contra a doença de Alzheimer como também um alvo de estudo para novos ensaios anti-inflamatórios, podendo ate ser feito um estudo comparativo com seu monômero, a Apigenina, já que está também apresentou uma eficaz atividade.