Pessoas que habitam as ruas em Fortaleza nos circuitos da vulnerabilidade e exclusão: identidades em construção nas trajetórias e percursos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Langa, Ercílio Neves Brandão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=76242
Resumo: A dissertação ora apresentada consubstancia um esforço de compreensão do universo dos habitantes das ruas em Fortaleza, ao longo de dois anos, implicando um processo de redefinições do objeto, a partir das interpelações do próprio campo. O trabalho circunscreve, como eixo investigativo, as trajetórias e percursos de pessoas que habitam as ruas, enfocando processos de desfiliação e refiliação, o habitus do ser “morador de rua”, as exclusões e inclusões precárias, as discriminações e preconceitos, as concepções e valores assumidos por esses personagens, particularmente, as concepções e atitudes face ao HIV/Aids. O foco de análise terminou por incidir na construção dos processos identitários em suas trajetórias e percursos. O adentrar nesse universo peculiar, exigiu a construção de uma etnografia das ruas, vivenciada na Praça da Gentilândia e quatro casas de acolhida, buscando acompanhar as rotas dos personagens constitutivos do campo investigativo. Este trabalho etnográfico foi vivenciado de um lugar peculiar que possibilitou viver e sentir, na “própria pele”, a condição do “morador de rua”, ao ser confundido, no exercício de pesquisa, com os próprios sujeitos, cujo universo buscava compreender. O processo investigativo, processualmente construído, exigiu movimentar aportes teóricos com base em uma permanente pesquisa bibliográfica, possibilitando ampliar e reconfigurar teorizações, em coadunância com as próprias configurações empíricas. Utilizou-se o conceito de desfiliação social de Castel (1997), caracterizando o duplo desligamento do indivíduo do mercado de trabalho e das relações familiares, e a noção de estigma de Goffman (1988), que aparece como estratégia de classificação dos indivíduos nas interações cotidianas através da diferença, em relação aos atributos considerados normais. A ideia de refugo humano de Bauman (2005), nomeando os seres excessivos e redundantes da modernidade a vivenciar situações-limite, e a perspectiva desconstrutivista de identidades de Hall (2006) são outros aportes teóricos usados no trabalho. De fato, os habitantes das ruas vivenciam processos de exclusão e vulnerabilidade que perpassam a infância, adolescência e idade adulta, suas trajetórias revelam situações de pobreza, destituição de direitos e rupturas familiares. Começam a trabalhar cedo para ajudar no sustento da casa, com experiências no trabalho informal, no comércio de bens ilícitos, no tráfico de drogas, realização de assaltos e outras formas de economia urbana nas periferias da cidade. Em seu nomadismo urbano e experiência de vida, desenvolvem formas e mecanismos de inclusão precários, trabalho informal como catadores de resíduos sólidos, flanelinhas, “bicos” na construção civil, prática de delitos, adesão a abrigos e casas de acolhida. Palavras-chave: Habitantes das ruas. Vulnerabilidade. Exclusão. Trajetórias. Identidades.