Testosterona e propensão ao risco: um estudo sob uma ótica biopsicossocial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cavalcante, Fabiane De Barros Figueiredo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=96858
Resumo: A testosterona é um hormônio que atua sobre a estrutura do sistema nervoso em fases específicas da vida do ser humano, tais como a pré-natal e a puberal, e pode influenciar a propensão ao risco. Consequentemente, a investigação da relação entre testosterona e propensão ao risco tem despertado atenção de pesquisadores de diversas áreas, dentre elas a de Administração. No entanto, os estudos são contraditórios e focam notadamente no risco financeiro e em aspectos biológicos, mais especificamente, na testosterona da fase pré-natal. Com isso, a influência da testosterona da fase puberal e de aspectos psicossociais, que também influenciam as atitudes humanas, permanecem à margem das investigações acerca da propensão ao risco. Desta maneira, a fim de minimizar esta lacuna, esta tese investigou a influência de fatores psicossociais na relação entre testosterona (considerando a fase pré-natal e a puberal) e propensão ao risco nos domínios financeiro, social, recreativo, de saúde e ético. Esta pesquisa fundamentou-se em uma perspectiva biopsicossocial e utilizou os aportes teóricos das abordagens neuroendocrinológica e evolucionista no estudo do risco. Em sintonia com o arcabouço teórico escolhido como eixo central desta tese, utilizaram-se duas escalas para a coleta de dados empíricos, sendo uma para estimar os fatores psicossociais e a outra para analisar a propensão ao risco. As medidas de testosterona que indicam o teor desse hormônio na fase pré-natal e na fase puberal são conhecidas na literatura como biomarcadores de testosterona de efeito organizacional. O biomarcador utilizado para a primeira fase foi a razão entre o segundo e o quarto dedo da mão e foi medido por meio de paquímetro digital. Já o da fase puberal foi a razão entre a largura e a altura facial e foi obtido por meio de fotos faciais frontais. Os dados foram coletados a partir de uma amostra composta por 441 participantes do sexo masculino e a análise foi efetuada por meio de modelagem de equações estruturais. A partir da análise dos resultados, observou-se que quanto melhores as condições psicossociais durante a exposição de testosterona na fase pré-natal, menor a propensão aos riscos financeiro, recreativo e de saúde e maior a propensão aos riscos social e ético. Já na fase puberal, quanto melhores as condições psicossociais e maior a exposição à testosterona, maior a propensão aos riscos financeiro, recreativo e de saúde e menor a propensão aos riscos ético e social. Com isso, constatou-se que aspectos biológicos, tais como hormônios, influenciam, mas não determinam, a propensão ao risco de um indivíduo, posto que fatores psicossociais moderam a relação entre testosterona e propensão ao risco, de maneira diversa e dependente do domínio do risco e da fase considerada. Ademais, a adoção da perspectiva biopsicossocial, com a inclusão das abordagens neuroendocrinológica e evolucionista, permitiu um entendimento mais abrangente da propensão ao risco. Isso fornece subsídios para avanço teórico na área de Administração, por meio da ampliação da divisão das abordagens que elucidam as decisões diante do risco, com a inclusão da abordagem explicativa e com a proposição de uma nova abordagem, a descritivo-explicativa.