Uma análise variacionista das estratégias de relativização no português popular de Fortaleza-CE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Vieira, Vinicius Da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=97829
Resumo: Esta investigação teve como objetivo geral analisar a influência dos condicionadores linguísticos e sociais sobre a variação das estratégias de relativização na fala popular fortalezense, com base teórico-metodológica nos postulados da Sociolinguística Variacionista (WEINREINCH; LABOV; HERZOG, 2006; LABOV, 1994, 2006, 2008). Os dados analisados foram extraídos da fala de 54 informantes, todos selecionados de entrevistas sociolinguísticas do tipo DID (Diálogo entre Informante e Documentador), pertencentes ao banco de dados Projeto Norma Oral do Português Popular de Fortaleza (NORPOFOR). Os grupos de fatores linguísticos que controlamos foram traços semânticos ± humano, ± definido e ± singular do antecedente, função sintática do pronome relativo, distância entre o pronome relativo e o termo relativizado, estado de ativação do antecedente, preposição usada pelo antecedente e pelo pronome relativo, posição da relativa em relação à principal, tipo de oração relativa, preposição regida pelo verbo/nome; já as variáveis sociais testadas foram sexo, faixa etária e escolaridade. Nos dados de nossa amostra, encontramos um total de 883 ocorrências de orações relativas, confirmando nossa hipótese inicial de que a estratégia de relativização cortadora apresentaria frequência percentual superior às demais estratégias, com 82,2% dos dados, contra 12% para a padrão e 5,8% para a copiadora. Realizamos três análises binárias: a primeira rodada foi com dados de orações relativas não padrão (cortadoras e copiadoras) x relativas padrão; a segunda, de orações relativas cortadoras x relativas padrão; e a terceira, de orações relativas copiadoras x relativas padrão. Nossos resultados mostraram como aliados às relativas não padrão (junção cortadoras + copiadoras) os grupos de fatores preposição regida pelo verbo/nome (de e com), tipo de oração relativa (restritiva), função sintática do pronome relativo (complemento relativo e adjunto adverbial), traço semântico ± definido do antecedente (–definido) e faixa etária (II e III). Para a estratégia cortadora, as variáveis beneficiadoras foram função sintática do pronome relativo (complemento relativo e adjunto adverbial), tipo de oração relativa (restritiva), preposição regida pelo verbo/nome (de e com) e traço semântico ± definido do antecedente (–definido). Já a estratégia copiadora foi relevantemente favorecida pelos grupos traço semântico ± humano do antecedente (+humano), preposição regida pelo verbo/nome (de e com), faixa etária (II e III), traço semântico ± definido do antecedente (–definido) e função sintática do pronome relativo (complemento circunstancial e complemento relativo). Concluímos que o comportamento variável das estratégias de relativização revelou-se altamente sistêmico, ou seja, condicionado preponderantemente por fatores linguísticos, uma vez que a faixa etária foi o único grupo de fatores extralinguísticos sinalizado como estatisticamente relevante em duas das três rodadas estatísticas, indicando as relativas como um caso de variação estável no falar popular fortalezense.