Língua(gem) e cultura: um estudo etnográfico dos campos lexicais de vaqueiros do Ceará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Nunes, Ticiane Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=87151
Resumo: <div style="">O vaqueiro foi responsável pela ocupação do território do Ceará e por meio dele foi possível estabelecer no estado, então Capitania do Siará Grande, a atividade da criação de gado e, posteriormente, de outros animais. Reconhecendo que o vaqueiro é emblemático no sertão, ressalta-se, na presente tese, a linguagem desse ator social como patrimônio cultural e constituinte da cearensidade (PORDEUS JUNIOR, 2003). Desse modo, a presente pesquisa tem como objetivo investigar a linguagem do vaqueiro do sertão do Ceará como um patrimônio linguístico, histórico e cultural, o que justifica o desenvolvimento de um estudo léxico-cultural, ressaltando a identidade do grupo estudado e divulgando as problemáticas vivenciadas por esse grupo. A metodologia deste estudo é de natureza qualitativa e se fixa no âmbito do método etnográfico para o desenvolvimento de uma observação participante nos municípios de Canindé e Morada Nova, ambos localizados no estado do Ceará. O percurso metodológico é composto por observações in loco, entrevistas semiestruturadas, delimitação do campo lexical cultura do vaqueiro, elaboração do vocabulário desse campo e discussão reflexiva sobre as relações léxico-semântico-culturais que estruturam esse vocabulário. Como apoio para a realização deste estudo, o referencial teórico é composto por Hoggart (1957), Williams (1960), Thompson (1963), Bauman (2005) e outros teóricos que dialogam na perspectiva dos estudos culturais; por Biderman (1981, 2001), Krieger (2006a) e Pontes (2009), no contexto dos estudos do léxico; por Coseriu (1981) e Bakhtin/Voloshinov (2006), no que se refere à perspectiva da léxico-semântica e às concepções de realidade linguística na Linguística e na Linguística Aplicada; e por Coseriu (1981), Faulstich (1980) e Abbade (2009), quanto à teoria dos campos lexicais. Por fim, chegou-se ao denominador de 641 lexias distribuídas em 12 macrocampos, que por sua vez foram subdivididos em 41 microcampos, divididos também em 28 subcampos e, consequentemente, em 9 subsubcampos. A partir dessa estrutura, foi possível organizar onomasiologicamente o vocabulário da cultura do vaqueiro e discuti-lo como elemento cultural estruturado léxico-semanticamente, a fim de verificar as relações sígnicas e lexicais inerentes ao âmbito de linguagem dos vaqueiros canindeenses e moradanovenses. Conclui-se que o presente estudo contribui para o reconhecimento da cultura vaqueira como uma cultura nordestina, que traz em seu arcabouço os traços das comunidades rurais do passado, mas que (re)existem até a contemporaneidade por meio da força de vontade em resistir, preservar e divulgar a tradição responsável pelo povoamento da região Nordeste e, principalmente, do estado do Ceará. Portanto, considera-se que o campo lexical que estrutura o corpus de pesquisa trazido a lume não está fechado, mas pode ser ampliado com a continuidade das investigações, estendendo o estudo a outros municípios e comunidades de vaqueiros do estado do Ceará, ou até mesmo de outros estados que também têm a cultura vaqueira em sua tradição. Palavras-chave: Linguagem do vaqueiro. Léxico. Língua e Cultura. Campos lexicais.</div>