EM BUSCA DA CURA: O ITINERÁRIO TERAPÊUTICO DAS PESSOAS COM DENGUE E A RESPOSTA DO SISTEMA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA-CEARÁ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: GOMES, KILMA WANDERLEY LOPES
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=88054
Resumo: A população de Fortaleza coexiste com a dengue de forma endêmica, apresentando uma taxa de incidência e letalidade por dengue grave elevada. Questões estas que instigam as políticas públicas de saúde a buscarem soluções em vários aspectos da doença, no tocante a prevenção, tratamento e cura. Em relação ao componente da assistência, incluído nas diretrizes de prevenção e controle da dengue no Brasil, a organização dos serviços de saúde, qualificação dos profissionais e a garantia do acesso são pontos fundamentais para evitar a ocorrência de óbitos. Existem algumas invisibilidades, no seguimento assistencial durante o adoecimento e morte por dengue que são incógnitas a ser desveladas. Dentre elas, o que faz a pessoa com sintomas de dengue procurar atenção para sua saúde, seja no espaço familiar, comunitário ou nos serviços de saúde, e, como é o percurso realizado por estas pessoas nestes espaços de cuidado? Este estudo teve como objetivo compreender o itinerário terapêutico das pessoas com dengue e a resposta do sistema de saúde no município de Fortaleza-Ceará. O estudo teve como bases teórico-metodológicas as concepções sobre itinerário terapêutico na perspectiva socioantropológica e de autores que dialogam sobre a integralidade do cuidado em saúde. Metodologia: A pesquisa foi desenvolvida em uma abordagem qualitativa e seguiu o desenho metodológico do estudo de caso. O estudo de caso foi desenvolvido no território de duas unidades de atenção primária à saúde e dois hospitais, um de referência para atendimento de urgência adulto e infantil e um somente infantil. A pesquisa teve 19 participantes com suspeita de dengue, distribuídos entre mulheres, homens, crianças e idosos, e 24 profissionais e gestores. Os métodos de coleta de dados utilizados: pesquisa documental, entrevista em profundidade e observação participante. Para organização e análise dos dados adotamos o software Qualitative Solutions Research Nvivo (QSR) versão 10.0, e elaboração de duas narrativas. A análise teve como categorias analíticas: organização do serviço e as trilhas percorridas pelas pessoas com dengue nos diversos espaços do cuidado; produção do cuidado da saúde com origem nas experiências de pessoas que vivenciaram a dengue; desafios e potencialidades que influenciam na integralidade do cuidado a pessoa. Resultado e discussões: dividimos em quatro capítulos. O primeiro aborda uma descrição da dimensão estrutural e organizacional do Sistema de Serviços de Saúde. Observamos que há uma rede de atenção á saúde que não atua de forma integral; conformada por unidades de atenção primária, hospitais secundários e Unidades de Pronto Atendimento, os quais realizam atendimento de dengue, mas não se comunicam entre si; há um plano de controle a dengue abrangendo todos os componentes, porém ainda com muitos desafios para sua efetivação, no que cerne a<br/>assistência, foco deste estudo. Os anos de 2011 e 2012 considerados epidêmicos para dengue. Principais portas de entrada foram Atenção Primária, com 41,7% e 45,6%; nos anos de 2013/ 2014 não houve epidemia, os hospitais atenderam 40,2% e as unidades de pronto atendimento registraram 19,1%, pondo em questão, como tem sido realizado, o papel da atenção primária como coordenadora do cuidado. No segundo capitulo, tecemos observações sobre as trilhas percorridas pelas pessoas com dengue nos diversos espaços do cuidado. Observamos que a forma do acolhimento é diferenciada entre os serviços, favorecendo tanto facilidades, quanto entraves para o acesso e continuidade do cuidado. Pacientes, profissionais e gestores não acreditam que a forma do acolhimento desenvolvida esteja favorecendo o acesso. A produção do cuidado durante o encontro entre o paciente e os profissionais de saúde e com os serviços, são aspectos importantes para a elaboração da percepção que o paciente faz sobre o adoecimento, gravidade da doença e busca por atenção. No terceiro capitulo, focamos os desafios e potencialidades que influenciam na integralidade do cuidado a pessoas com dengue, mostrando que os pacientes procuram atenção quando estão com dengue, contudo, seu itinerário terapêutico está relacionado com a segurança no serviço, garantia de atendimento, de exames, de resolubilidade, porém à distância e o deslocamento não influenciam na busca pelo serviço. No quarto capítulo, abordamos como é vivenciar dengue pelo paciente: existem aspectos inerentes à própria pessoa, como o conhecimento sobre a doença, o medo, sentir-se doente, mas o apoio da família e dos vizinhos é importante para o cuidado. Há pacientes que demandam uma vigilância e monitoramento, mais sistemático. Os quais podem ser ofertados pelo serviço de saúde, família e comunidade. Considerações e Recomendações: A dengue precisa ser visualizada como uma doença social que exige uma atenção diferenciada, imediata e cuidadosa. As pessoas estão peregrinando serviços de saúde em busca de atenção, porém encontram dificuldade no acesso, entendido como direito a entrada no serviço e usos dos bens do serviço até resolver seu problema de saúde. Para que as ações e serviços de saúde funcionem com qualidade é necessário: ter estrutura material e profissional, fortalecer o processo de avaliação e planejamento, com suporte em metas e reorganização do processo de trabalho e implantar o fluxo de atenção ao paciente com dengue. A educação permanente faz-se necessária para qualificação de todos os profissionais da rede de atenção. Incluindo a discussão em serviço sobre indicadores de saúde e óbitos. A Atenção Primária precisa ser fortalecida, ser de fato a coordenadora do cuidado.<br/>Palavras-chave: Dengue; Acesso aos serviços de saúde; Integralidade.