Hanseníase no Brasil: análise da distribuição espaço-temporal e seus determinantes sociais

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: CASTRO, RÉVIA RIBEIRO
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso embargado
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
• Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=113594

O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos de Hanseníase. Apesar das estratégias empreendidas, a erradicação da doença, como problema de saúde pública, não foi alcançada no país. Considerando a natureza multifacetada da hanseníase, é necessário analisar os aspectos socioeconômicos que podem estar envolvidos na dinâmica do adoecimento e a sua ocorrência em determinado espaço geográfico. Objetivou-se analisar a dinâmica espaço-temporal da hanseníase no Brasil no período 2007 a 2019 e seus determinantes sociais. Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo ecológico que utilizou como unidade de análise os 5.570 municípios brasileiros. Adotou-se como desfecho as taxas de prevalência da hanseníase, de incidência da hanseníase, de incidência da hanseníase em menores de 15 anos e de incidência da hanseníase com grau II de incapacidade física no momento do diagnóstico. Os dados referentes aos casos de hanseníase e de base populacional para a construção das taxas foram obtidos junto ao DataSUS. As variáveis preditoras do estudo foram 24 aspectos socioeconômicos e de saúde que se conformaram em Determinantes Sociais da Saúde, segundo o modelo de Solar e Irwin, e foram elencadas após revisão integrativa de literatura. Essas variáveis foram colhidas junto ao IBGE e IPESE. Desenvolveu-se a análise de tendência temporal pelo joinpoint para cada região brasileira e o Brasil como um todo. As taxas brutas e bayesianas dos desfechos foram espacializadas e, em seguida, investigada a autocorrelação espacial pelo método de Moran e estatística de varredura Scan. As análises de regressão não espacial Ordinary Least Squares Estimation e espacial Geographically Weighted Regression foram utilizadas para identificar os determinantes sociais da saúde que influenciaram nos desfechos. As taxas de incidência e a incidência com grau II de incapacidade física no momento do diagnóstico obtiveram a maior redução em todo o período estudado, com 4,2% ao ano. O Moran Global identificou autocorrelação espacial positiva, com aglomerados de padrão alto-alto nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste para a prevalência, incidência em menores de 15 anos e incidência com grau II de incapacidade física no momento do diagnóstico e aglomerados de padrão alto-alto nas regiões Norte e Centro-Oeste para a incidência de hanseníase. A estatística Sacan revelou que o cluster primário da taxa de incidência apresentou o maior risco relativo, 5,82 vezes superior à média nacional, seguindo-se da incidência em menores de 15 anos (5,8 vezes), prevalência (4,85 vezes) e incidência com grau II de incapacidade física no momento do diagnóstico (4,54 vezes). Pela regressão espacial, 17 variáveis socioeconômicas e de saúde apresentaram relação com a prevalência, incidência e incidência em menores de 15 anos, com a maior contribuição do Índice de Vulnerabilidade Social para explicar os desfechos. Dentre as 19 variáveis que explicaram a Incidência da hanseníase com grau II de incapacidade física, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – Dimensão Longevidade foi a que mais contribuiu. A identificação dos determinantes sociais da saúde que impactam na ocorrência da hanseníase no Brasil possibilita a construção de um modelo de determinação social da doença para cada um dos desfechos estudados. Assim, conhecer esses determinantes colabora para a reconstrução de ações intersetoriais que incidam sobre as iniquidades em saúde e impactem na redução da doença no país e no mundo.