Pobreza e lugar(es) margens urbanas: Lutas de classificação em territórios estigmatizados do Grande Bom Jardim

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Bezerra, Leila Maria Passos de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=86476
Resumo: <div style="">Esta pesquisa busca compreender significações de pobreza e lugar(es) ensejadas pelas margens urbanas de Fortaleza-Ce nestes anos 2000, sob o ponto de vista de moradores de territórios estigmatizados da região do Grande Bom Jardim.Optei, assim, pela pesquisa qualitativa, com a adoção da observação participante em complementaridade com as entrevistas. Trata-se de um estudo sócio-antropológico, circunstanciado no Mela Mela e no Marrocos, sobre os quais recaem estigmatizações sócio territoriais e de desqualificação social de seus residentes em condição de pobreza. Nos esquemas classificatórios locais, as estigmatizações associadas à pobreza, aos “pobres” e aos seus locais de moradia são ora recusadas/dissimuladas, ora transferidas/reproduzidas pelos agentes, travando lutas de classificação em distintos espaços e níveis. Esta tese buscou apreender as lutas simbólicas cotidianas e intra territoriais, urdidas nos âmbitos individual/grupal pelos moradores em torno das re-semantizações de pobreza/“ser pobre” e da construção social de lugar(es) reconhecidos como expressões do“vixe do vixe” desta região. Em suas micro táticas de distinção social, os narradores-residentes fabricaram (re)classificações, traduzidas em suas percepções de um “nós ideal”, bem como (des)classificações hierarquizadas dos “pobres” locais, demarcatórias de fronteiras simbólicas entre (des)iguais geograficamente próximos, tornados socialmente distantes. Elaboraram seus conceitos nativos de pobreza, delineando duas principais versões: uma individualizada e privatista, que distingue “pobreza-precisão” de“pobreza de espírito”; e a outra, que associa pobreza ao local de moradia, configurado em espaço de abandono e insegurança sócio-econômica e civil. Compreender as (re)significações da pobreza urbana em tempos contemporâneos exigiu apreender seus enraizamentos nos lugares praticados pelos narradores, importante parâmetro nas produções relacionais de seus esquemas classificatórios intra territoriais e de classificações estigmatizantes projetadas sobre a região e seus residentes. A outra dimensão destas lutas simbólicas apreendida nesta tese diz respeito aos sentidos de lugar(es) em duas perspectivas: a de valorização do território vivido como lugar de memória, reconhecimento e pertença sócio territorial, embora considerando-oabandonado pelo poder público; e a de espacialidade(s) de medo e insegurança(s), sintonizada com práticas topofóbicas de habitá-las e sociofóbicas de evitação social, enunciando tendências de um viver acuado” nestas margens da cidade. Esta tese enseja uma interpretação crítica dos conceitos nativos de “pobreza”/“pobre” e seus lugaresvividos, adensando reflexões multivocais e polissêmicas sobre o viver nas margens das margens urbanas em tempos contemporâneos. Palavras-chave: Pobreza. Lugar. Territórios estigmatizados. Margens urbanas. Lutas de classificação.</div>