CUIDADO AO FAMILIAR DE ADULTO EM SOFRIMENTO PSÍQUICO: desafio para a assistência de Enfermagem.

• Ano de defesa: 2010
• Autor(a) principal: SILVA, KELY VANESSA LEITE GOMES DA
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
• Palavras-chave em Português: cuidados clínicos em saúde
• Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=93680

A partir do século XIX a família delegou os cuidados dos sujeitos em sofrimento<br/>psíquico à instituição psiquiátrica, que muitas vezes culpava a mesma pela situação<br/>de adoecimento. Com o advento da Reforma Psiquiátrica constrói-se um paradigma<br/>de assistência na perspectiva da reabilitação psicossocial, onde a família é inserida<br/>no aparato de cuidados e serviços de base territorial. Percebendo como<br/>imprescindível a atenção à família com vistas à promoção da sua saúde mental,<br/>objetivou-se com este estudo responder a seguinte questão: como se dá o processo<br/>de cuidado de adulto em sofrimento psíquico sob a perspectiva da sociologia<br/>fenomenológica? A pesquisa é de natureza qualitativa, de abordagem<br/>fenomenológica de Alfred Schutz. O estudo deu-se a partir da identificação de<br/>familiares de usuários do CAPS do município de Juazeiro do Norte. Utilizou-se<br/>enquanto instrumento de coleta de dados o formulário e a entrevista semiestruturada,<br/>onde se coletou informações de identificação dos sujeitos e referentes<br/>aos objetivos da pesquisa. A análise de dados foi feita a partir da análise temática<br/>segundo Bardin. A partir das experiências vivenciadas pelos sujeitos na relação de<br/>cuidado, procurou-se compreender o tipo vivido do familiar de adultos em sofrimento<br/>psíquico, descrevendo a estrutura familiar, caracterizando os sujeitos e as situações<br/>vivenciadas como manifestação do seu típico familiar, fundamentando-os pela<br/>Fenomenologia Sociológica. Após a identificação dos sujeitos, realizaram-se visitas<br/>ao domicílio do usuário do CAPS. Foram entrevistados catorze familiares<br/>cuidadores, perfazendo em média duas visitas por familiar. Identificou-se como perfil<br/>dos familiares: idade entre 23 e 80 anos, prevalência de sexo feminino, escolaridade<br/>baixa, casados, católicos, e mãe enquanto grau de parentesco mais evidente. As<br/>falas compuseram as categorias temáticas: Desvelando o cuidar; Exercendo o<br/>cuidar e Necessidades de cuidado. Com a junção das categorias buscou-se obter o<br/>sentido da ação subjetiva. Os depoimentos revelaram que os familiares conceituam<br/>o sujeito sob seus cuidados como alguém especial, diferente, anormal; que a prática<br/>do cuidado revela-se como uma ação que exige paciência e responsabilidades dos<br/>cuidadores. Enquanto necessidades de cuidado, verificou-se que a prática do cuidar<br/>traz sentimentos de angústia, tristeza e medo devido às incertezas na relação de<br/>cuidado evidenciadas pela mudança de comportamento dos sujeitos sob seus<br/>cuidados; o familiar encontra-se sobrecarregado, vivenciando o acúmulo de tarefas<br/>decorrentes da crise. As falas revelaram carência de apoio por outros familiares e<br/>que existem deficiências financeiras e de informações sobre o estado de saúde e<br/>tratamento do seu parente. No mundo subjetivo o familiar utiliza sua situação<br/>biográfica, a qual foi consolidada através de suas experiências já sedimentadas, seja<br/>por meio de experiências próprias ou trazidas por seus predecessores. Destaca-se<br/>que o trabalho com familiares que cuidam de sujeito em sofrimento psíquico é tarefa<br/>indispensável ao enfermeiro na atuação em saúde mental. Para obter subsídios para<br/>o cuidado de enfermagem deve-se dar voz ativa aos sujeitos e desvendar as suas<br/>reais necessidades de cuidado e, assim, proporcionar um melhoramento das<br/>relações de cuidado diante da convivência com o sujeito em sofrimento psíquico.<br/>PALAVRAS-CHAVE: Familia. Cuidador. Saúde Mental. Sofrimento psíquico.<br/>Cuidado de Enfermagem.