Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Wenderson Silva |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual do Ceará
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=106095
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Resumo: |
Esta tese apresenta um estudo sobre as operações do racismo e da homofobia nas práticas curriculares no ensino de música. A discussão do funcionamento desses sistemas de saber-poder se deu por meio das narrativas e escrevivências curriculares de bixaspretas cearenses, estudantes de Licenciaturas em Música em instituições públicas no Ceará. O objetivo aqui foi identificar as maneiras pelas quais bixaspretas professores de música resistem ao racismo e à homofobia produzindo currículos-como-experiências-escrevividas uma junção entre as concepções do nipo-canadense Ted Aoki e a escritora brasileira Conceição Evaristo. Entendo currículos-como-experiências-escrevividas como desobediências epistêmicas à colonialidade presente no ensino de música e na Educação Musical exercida de modo heterárquico por meio da produção do dispositivo conservatorial. Essa desobediência é fruto da resistência e das redes de saberes cotidianos que são tecidas nos múltiplos encontros e histórias da vida vivida que atravessam as trajetórias formativas das bixaspretas. De modo específico, identificaram-se os modos interseccionais que o racismo e a homofobia operam no ensino de música e na produção curricular, revelando um silenciamento das Licenciaturas às discussões sobre a diversidade sexual, às questões de gênero e à urgência do debate étnico-racial. Foi possível compreender os processos de subjetivação identitário bixapreta cearense, tendo em vista que os sujeitos são de lugares diferentes do estado, do mesmo como foi possível compreender a construção e constituição das identidades musicais e de como essas identidades tangenciam currículos-como-experiências-escrevividas. Explicitaram-se as maneiras como as bixaspretas constituem trajetórias de enfrentamento às normatividades de gênero e sexualidade e também à sistema do racismo no ensino de música. Os dados apontam a necessidade do reconhecimento de currículos não são somente planos a serem executados, mas sim, experiências que escrevivem a vida vivida, sobretudo que são documentos vividos corporalmente, logo, adquirem identidades de raça, gênero e sexuais. Nesse sentido, bixaspretas tem criado ferramentas de resistência à ordem normativa por meio de vários mecanismos de alianças, afetos e amorosidades, que fraturam as normas e que também oferecem uma vida não precária. O enviadescimento dos currículos é a luta por documentos de formação docente em música que levem em consideração as multiplicidades de identidades e que recusem modelos adâmicos hegemônicos coloniais. O enviadescimento das educações musicais é a consideração de que a sala de aula é um território plural e diverso, no qual, as perspectivas LGBT+ negras são formas de interrogar perspectivas adâmicas e também propor fraturas curriculares ao sistema colonial racial, de gênero e sexualidade. Partindo das concepções intelectuais de Linn da Quebrada, a proposta de enviadescer a educação musical é evidenciar perspectivas contracoloniais, contra-hegemônicas, antirracistas e anti-LGBTfóbicas. |