Imagem do enfermeiro em meios de comunicação de massa no Brasil: implicações para a identidade e o habitus profissional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Brito, Maria Da Conceicao Coelho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=106433
Resumo: Os meios de comunicação de massa contribuem para processos de significação e sentido social. Isso, atrelado ao contexto cultural e social vigente, influencia no processo identitário e de vida das pessoas. Nesse ínterim, apresenta-se a tese deste estudo: os meios de comunicação de massa veiculam uma imagem frequentemente deturpada do enfermeiro, implicando na identidade e habitus profissional. Contudo, fenômenos macrossociais, como a COVID-19, trazem melhor notoriedade ao profissional, ainda que transitória. Objetivou-se analisar a imagem do(a) enfermeiro(a) noticiada em meios de comunicação de massa do Brasil e sua influência na identidade e no habitus desse profissional. Desenvolveu-se um estudo documental e qualitativo, com o recorte histórico de agosto de 2019 a agosto de 2020, ancorado no referencial do Poder Simbólico, de Pierre Bourdieu. Como fontes de informações, incluíram-se a Folha de São Paulo e o Jornal Nacional. Para a identificação das notícias, considerou-se o recorte histórico, e aquelas que veiculassem o enfermeiro e cuja imagem repercutisse na identidade e habitus profissional. Foram selecionadas 85 notícias (35 do Jornal Nacional e 50 da Folha de São Paulo). Utilizou-se a Análise de Conteúdo de Bardin para o tratamento das informações, com o apoio do software MaxDQA. Os resultados anunciaram que há a veiculação de imagens equivocadas sobre o enfermeiro e a manutenção de estereótipos históricos associados à profissão, retratando uma herança social. Houve expressiva vinculação do enfermeiro ao sacrifício, ao heroísmo e como uma profissão feminina, especialmente no contexto da pandemia por COVID-19. As notícias apresentaram dualidades na imagem do enfermeiro, ora realçaram a importância da profissão, ora reforçaram atributos/características permissivas da desvalorização. Houve expressividade de veiculações concernentes à desvalorização profissional, com veiculações que transmitiram uma ideia de falta de autonomia e subserviência ao enfermeiro na mídia, sendo um profissional limitado e dependente de outras ciências. As evidências ainda sinalizaram a necessidade de o enfermeiro conviver com as condições inóspitas afloradas pela pandemia, em um discurso poético que mascara a dominação e a violência simbólica. Apresentou-se certo desconforto de enfermeiros diante do contexto de desvalorização, realçando a necessidade de mobilização, postura e atitude científica. Notícias retrataram o papel dos profissionais na ampliação e qualificação do acesso à saúde de pessoas e coletivos. Os resultados explicitaram o esgotamento profissional dos enfermeiros, especialmente no enfrentamento da COVID-19, aspecto reforçado pela falta de condições de trabalho adequadas. Ainda, reconheceram-se aspectos em notícias que realçavam a complexidade das demandas dos pacientes e uma tentativa de descentralizar da figura do médico a atenção à saúde. Algumas veiculações trouxeram a implicação das notícias falsas para a credibilidade na prática do enfermeiro e o déficit expressivo desses profissionais para assistir as pessoas. Diante do desenvolvimento deste estudo, concluiu-se que as evidências trazem reflexões que implicam na identidade do enfermeiro, seu fazer e formas de reconhecimento. Ainda, elucida nuances que podem reverberar para o fortalecimento da Ciência Enfermagem e o fazer do enfermeiro autônomo, científico e implicado com a profissão.