“ESPERANDO, ESPERANDO”: Segregação e subalternidade nas remoções habitacionais na implantação do VLT em Fortaleza

• Ano de defesa: 2017
• Autor(a) principal: Costa Junior, Pedro Wilson Oliveira da
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Unb
• Palavras-chave em Português: Sociologia
• Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=86612

<div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">A realização de megaeventos recentemente no Brasil, com destaque para a Copa do Mundo</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">FIFA de 2014, registrou violações de direitos das populações diretamente atingidas pelas</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">obras, sobretudo pelas remoções forçadas e reassentamentos habitacionais. A atuação do</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">poder público nesse processo descumpriu marcos internacionais de Direitos Humanos.</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Milhares de pessoas, distribuídas nas 12 cidades-sede da Copa, foram ou permanecem</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">ameaçadas de saírem de suas casas, mesmo após o fim do megaevento. Trata-se de</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">comunidades assentadas em áreas que, no passado, eram pouco valorizadas pelo capital</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">imobiliário, mas, em razão da própria expansão urbana recente, tornaram-se objeto da</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">cobiça do mercado. As alegações oficiais para as remoções vão desde projetos de</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">mobilidade urbana, passando por questões ambientais, chegando até mesmo à preservação</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">das populações retiradas de áreas consideradas de risco. Os direitos à informação, à</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">transparência e à participação dos segmentos atingidos não foram respeitados. No geral,</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">informações acerca da quantidade de famílias reassentadas, indenizações, locais para</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">reassentamento, permaneceram inacessíveis ao longo do processo. O silenciamento e</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">demais violações de direitos dessas populações ilustra bem como se desenrola a produção</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">da subalternidade na sociedade brasileira, através de uma velada, embora notória,</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">classificação e seletividade na distribuição de capitais, nesse caso, no que concerne a</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">direitos básicos de cidadania, resultando numa deterioração da dignidade pessoal de uma</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">ampla camada de indivíduos, “culpados” pelo próprio destino. O objetivo desta</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">investigação foi analisar a ocupação e produção do espaço urbano pelos grupos subalternos</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">através da reconstrução histórica e análise sociológica das experiências de remoções</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">habitacionais ocorridas, observadas a partir do caso do VLT Parangaba – Mucuripe, em</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Fortaleza, e compreendidas através das percepções de indivíduos que sofreram diretamente</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">as remoções. A hipótese levantada é que as famílias diretamente atingidas pelas remoções</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">figuram como o segmento mais penalizado dentro de um processo mais amplo, em que as</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">desigualdades residenciais nas cidades brasileiras estão ficando mais nítidas; os bairros</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">estão “selecionando” mais, e de modos distintos, seus moradores. Não apenas através da</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">coação, mas também pela simples “liberdade” de mercado. Em resumo, confere-se às obras</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">realizadas para os megaeventos uma espécie de aprimoramento de um padrão que vem</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">orientando os planejamentos urbanos das cidades brasileiras ao longo de décadas.</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Palavras-chaves: Segregação. Subalternidade. Fortaleza</span></font></div>