Impolidez carnavalizada como ato de parresía cínica: o escândalo da verdade em charges do Aroeira no contexto da pandemia no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: MOTA, NATHÁLIA VIANA DA
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=113221
Resumo: Esta tese tem por objetivo geral investigar em que medida as charges do autor/artista Renato Aroeira, produzidas no contexto político-discursivo oficial da pandemia da COVID-19 no Brasil, materializam a ideia de escândalo da verdade e assinalam-na como ideia-chave da categoria da impolidez carnavalizada como ato de parresía cínica. O lastro para essa investigação deriva da grande hipótese de que a noção de impolidez carnavalizada (MOTA, 2019) constitui-se como ato de parresía cínica (FOUCAULT, 2011), à luz dos pontos de interseção filosófico-linguísticos e teórico-conceituais que aproximam os pensamentos de Bakhtin (2002; 1987) e Foucault (2011) em torno do problema do escândalo da verdade. Para dar conta deste propósito, em termos teórico-metodológicos, a tese segue, de modo mais amplo, as orientações (onto)epistemológicas da Linguística Aplicada (LA), com ênfase no campo dos Estudos Críticos da Linguagem (ECL), e, de modo mais restrito, as orientações filosófico-linguísticas e estético-literárias de Bakhtin e seu Círculo, com ênfase nas indicações analítico-interpretativas delineadas por Bakhtin (2002; 2011a). Em termos de resultados e discussões gerais da pesquisa, chegou-se às seguintes (in)conclusões: i) do ponto de vista da discussão teórica, foi possível interpretar que a impolidez carnavalizada se constitui como ato de parresía cínica no sentido em que o escândalo da verdade, tomado como ato ético-estético-político de coragem de dizer-a-verdade, se manifesta nas aproximações filosófico-linguístico-conceituais entre as noções de franco discurso carnavalesco articuladas à ideia-chave de “excentricidade carnavalesca” (BAKHTIN, 2002; 1987) e de fala franca cínica associada à ideia-chave de “escândalo cínico” (FOUCAULT, 2011); ii) por conseguinte, do ponto de vista da discussão analítica, foi possível interpretar, a partir dos atos de desobediência crítica do autor/artista Renato Aroeira em face dos episódios de ameaça e de censura que experenciou, que as charges Crime continuado (AROEIRA, 2020), Monstruoso (AROEIRA, 2021) e Guernica amazônica (2) (AROEIRA, 2022) materializam a ideia de escândalo da verdade e assinalam-na como ideia-chave da categoria da impolidez carnavalizada como ato de parresía cínica, na medida em que revelam uma atitude ético-estético-política e responsável do cartunista em ter a coragem de dizer-a-verdade - àqueles que se enganam - sobre a condução negacionista e belicosa (ou genocida) da pandemia da COVID-19 pelo inominável presidente do Brasil.