No giro com a Folia de Reis: ensinar-e-aprender 'música' em um contexto de tradição oral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Aline Moraes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/17915
Resumo: Este estudo parte do pressuposto de que a realidade sociocultural é diversa e de que a música adquire diferentes significados e funções em cada contexto em que é produzida. Reconhecendo que existe uma concepção hegemônica de música que domina as práticas músico-pedagógicas em nossa sociedade, e que ensinar-e-aprender pode ser entendido como um processo de trocas de saberes fundado na coletividade, na circularidade, na partilha e no diálogo, esta pesquisa investigou como se dá a circulação dos elementos musicais em um contexto de tradição oral. Seu objeto de estudo é a Folia de Reis, manifestação do catolicismo popular devota dos Três Reis Magos e bastante presente em diversas regiões do Brasil. Tendo o estudo de caso como metodologia, e a entrevista semiestruturada como ferramenta de coleta de dados, a investigação foi realizada em Guaxupé, cidade localizada no sul de Minas Gerais, onde essa manifestação cultural é muito frequente. O objetivo principal do trabalho foi compreender quais elementos e situações apoiam os processos de aprendizagem musical na Folia de Reis. A análise dos dados foi empreendida a partir da triangulação entre os aportes teóricos, baseados nos diálogos da Educação Musical com a Etnomusicologia, os dados das entrevistas, e minha experiência enquanto neta de foliões e aprendiz de Folia de Reis. O estudo revelou que os elementos que compõem a estrutura da folia, articulados com o compromisso com a sua manutenção, criam dinâmicas próprias que favorecem a aprendizagem musical. O afinador e o bastião, elementos constituintes dessa estrutura, e a dinâmica de revezamento, decorrente dela, convidam para uma aproximação a esse universo musical e facilitam o acesso a ele. A música se configura como ação, integrada aos demais aspectos que constituem essa manifestação ritual. Além disso, a experimentação junto ao grupo e o acolhimento da aprendizagem enquanto processo confirmam a existência de redes de apoio nas quais a circulação dos saberes acontece, evidenciando um modo de ensinar-e-aprender pautado na confiança e na coletividade.